Globe Estatistic

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ADMISSÃO A MAÇONARIA

.


ADMISSÃO À MAÇONARIA Fonte: Brasil Maçom


GRUPO MAÇÔNICOS





foto: divulgação  Informações para análise dos possíveis novos membros da Ordem.



O pedido - O candidato para admissão deve deixar claro que ele pretende respeitar e admirar a Ordem Maçônica e que busca a associação por razões que não sejam benefícios pessoais. O pedido é revisado assim como seu caráter e reputação, e faz-se uma votação na Loja. Embora as práticas variem, tradicionalmente, um voto negativo é suficiente para rejeitar sua solicitação.





O candidato a Aprendiz é sujeito ao interrogatório final antes de ser preparado para sua iniciação.

Precisa então confirmar se foi levado a buscar a admissão por uma opinião favorável já formada sobre a Maçonaria, que não teve motivos mercenários pessoais, que tem o desejo de conhecimento e auto-aperfeiçoamento e uma vontade sincera de ser útil a seu semelhante.





Finalmente, chega o dia em que o candidato será iniciado como um Aprendiz Maçom. Geralmente essa cerimônia acontece no “recinto da Loja”.





A Loja – Hoje, o lugar onde os maçons se reúnem chama-se Loja e cada Loja tem características próprias. Algumas são mais filantrópicas, promovem atividades para arrecadar dinheiro e ajudam asilos, orfanatos e creches, outras Lojas têm um cunho mais político e seus membros gostam de analisar a situação do país nessa área, mas, enfatizamos, em Maçonaria não se permite discussão de política partidária. Todas as atividades visam melhorar a moral, o caráter e o comprometimento dos Irmãos para com o progresso da humanidade, não havendo nenhum ganho político ou financeiro em ser Maçom.





O Maçom – Verdadeiro homem de bem, cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.





Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.





Não alimenta orgulho, nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra.





Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios nem evidenciá-los. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las.





Não se envaidece da sua riqueza, nem das suas vantagens pessoais, usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos.





Se a Sociedade colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante o Criador do Universo; usa da sua autoridade para lhes levantar a moral e não para esmagá-los com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.





Quando subordinado, de sua parte compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.





Finalmente, o verdadeiro Maçom respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da natureza, como quer que sejam respeitados os seus.





A Maçonaria - é a maior organização fraternal do mundo, com quase três milhões de membros nos Estados Unidos, mais de 700 mil membros na Grã-Bretanha e mais de um milhão no resto do mundo. Embora seja a firme crença em um Ser Supremo, condição sem a qual não será admitido na Ordem, que acolhe em seus quadros homens de todas as religiões e tem como tema central o comportamento moral, o auto-aperfeiçoamento constante e a dedicação à caridade, a Maçonaria não responde à acusações. Não se importou por ter sido declarada ilegal por Adolf Hitler, Benito Mussolini e Francisco Franco.





Mesmo em nossa sociedade dominada pela mídia, que fatos são mais importantes do que matérias em jornais, em TV ou Internet, as críticas antimaçônicas permanecem não respondidas em razão da tradicional política da Maçonaria não responder aos ataques, mesmo disponibilizando notáveis conhecedores de sua filosofia, história e ritualística que escolheram ser membros dela, com extrema facilidade poderiam refutar esses ataques.





Influência maçônica na história – Sem mencionarmos a Maçonaria Brasileira, diremos que a Maçonaria estava presente na Revolução Americana, com membros como George Washington, Benjamim Franklin, James Monroe, Alexander Hamilton, Paul Revere, John Paul Jones e mesmo o marquês de Lafayette e Benedict Arnold. Outras revoluções, contra a Igreja e o Estado, foram lideradas por Maçons como Benito Juarez, Simon Bolívar, Giuseppe Garibaldi e Sam Houston (ajudado, em alguns casos pelos produtos de seu companheiro Maçom, Samuel Colt).





Reis e imperadores que fizeram o juramento maçônico incluem Eduardo VII, Eduardo VIII e George VI da Inglaterra, Frederico, o Grande, da Prússia, George I da Grécia, Haakon VII da Noruega, Stanislaw II da Polônia e até o rei Kamehameha V do Havaí. Além de Washington e Monroe, o rol maçônico de presidentes dos Estados Unidos inclui Andrew Jackson, James K. Polk, James Buchanan, Andrew Johnson, James A. Garfield, Theodore Roosevelt, William Howard Taft, Warren G. Harding, Franklin D. Roosevelt, Harry S. Truman, Lyndon Johnson, Gerald Ford e o Irmão honorário Ronald Reagan.





A Segunda Guerra Mundial foi travada pelos líderes maçônicos britânicos Sir Winston S. Churchill, o marechal-de-campo conde Alexander de Túnis, o marechal-de-campo Sir Claude Auchinlech, o marechal lorde Newhall (Royal Air Force) e o general Sir Francis Wingate.





A Maçonaria americana estava bem representada pelos generais Mark Clark, Omar Bradley, George Marshall, Joseph Stillwell e Douglas Mac Arthur.





Também não havia sempre Maçons no mesmo lado. Napoleão comandou seus marechais Maçons Messena, Murat, Soult, Mac Donald e Ney contra os Maçons Kutuzov da Rússia, Blucher da Prússia e a causa de sua ruína, o duque de Wellington.



É difícil saber onde parar ao se enumerar a influência maçônica em todos os aspectos da vida ocidental nos últimos 271 anos, seja essa influência política, militar ou cultural.





Em música, a Maçonaria aparece em toda a escala, desde William C. Handy, compositor do The St. Louis Blues, até John Philip Sousa, e de Gilbert e Sullivan, passando por Sibellius e Haydn até Wolfgang Amadeus Mozart, que, segundo alguns, foi assassinado por revelar segredos maçônicos em sua ópera A Flauta Mágica.

Os membros maçônicos do mundo literário incluem Sir Walter Scott, Robert Burns, Rudyard Kipling, Jonathan Suvift, Oscar Wilde, Oliver Goldsmith, Mark Twain e Sir Arthur Conan Doyle (que nunca teria permitido que o livro anatimaçônico Jack the Ripper: The Final Solution de Stephen Knight fosse reescrito, como foi, em uma versão de filme de ficção, degradando a criação de Sir Arhur, Sherlock Homes, contra os Irmãos do próprio Sir Arthur em Londres).





Maçonaria e Religião (Síntese) - Os requisitos religiosos da Maçonaria são bastante simples: a crença em um Ser Supremo e a inexistência de qualquer interferência, ou mesmo persuasão contra, a crença individual do Maçom. Pode-se afirmar com segurança que a Maçonaria não é uma religião por uma simples razão; em geral, os adeptos acreditam que seus credos religiosos estão completamente certos. Isso significa que eles acreditam que todos os outros credos são, ao menos até certo ponto, errados. A posição da Maçonaria é oposta, uma vez que admite que haja alguma verdade em todas as percepções humanas de Deus e declina de afirmar que qualquer crença em particular é perfeita.





Nosso dever - Atravessamos uma época de crise abrangendo todos os pontos de vista, mas principalmente no comportamento humano, onde prevalecem a violência, o egoísmo, a corrupção e a licenciosidade, resultando, conseqüentemente, em insegurança quanto ao futuro imediato e gerando simultaneamente ceticismo, desencanto e conformismo.





Conscientizando-nos de nossas responsabilidades, cabe-nos trabalhar por uma sociedade melhor, dentro dos princípios da Razão e da Justiça e para tanto se faz urgente selecionar candidatos de valor para as escolhas de futuros maçons capazes de lutar permanentemente contra aquilo que á abominável, contra o que escraviza e degenera. Eu vos afirmo que o mundo está repleto de homens bons, cultos, sensatos, preciosos, de valor. Que sejam bem-vindos à Maçonaria e à Ordem!. .











Valdemar Sansão – M.’. M.’.

vsansao@uol.com.br









terça-feira, 19 de outubro de 2010

A BATALHA PELA SUA MENTE

A BATALHA PELA SUA MENTE


Dick Sutphen

Eu sou Dick Sutphen e este artigo, uma versão expandida de uma conferência que fiz na Convenção do Congresso Mundial de Hipnotizadores Profissionais em Las Vegas, Nevada. Eu convido os indivíduos a compartilhar este artigo com outras pessoas interessadas e dá-las aos amigos ou qualquer pessoa em posição de divulgar esta informação.

Embora eu tenha sido entrevistado acerca deste assunto em muitos locais, rádios e programas de entrevistas em TV, os meios de comunicação de massa parecem estar bloqueados, porque isto poderia resultar em desconfiança e investigações dos meios de divulgação e de seus patrocinadores. Algumas agências governamentais não querem que esta informação seja divulgada. Nem os movimentos de Novos Cristãos, os cultos, e mesmo muitos treinadores de potencial humano.

Cada uma das coisas que vou relatar apenas exporá a superfície do problema. Eu não sei como o abuso destas técnicas pode ser parado. Eu não penso que seja possível legislar contra algo que freqüentemente não pode ser detectado; e se os próprios legisladores estão usando estas técnicas, há pouca esperança de o governo usar leis assim. Sei que o primeiro passo para iniciar mudanças é gerar interesse. Neste caso, apenas um movimento subterrâneo poderia provocar isto.

Falando deste assunto, estou falando acerca de meu próprio negócio. Eu sei disto, e sei quão efetivo isto pode ser. Eu faço fitas de hipnose e [de técnicas] subliminares, e, em alguns de meus seminários, uso táticas de conversão com os participantes para torná-los independentes e auto-suficientes. Mas, sempre que uso estas técnicas, eu ressalto que estou usando-as, e todos podem escolher entre participar ou não. Eles também sabem qual será o resultado desejado.

Então, para começar, eu quero declarar o que é o fato mais básico de todos acerca de lavagem cerebral: EM TODA A HISTÓRIA DO HOMEM, NINGUÉM QUE TENHA SOFRIDO LAVAGEM CEREBRAL ACREDITARÁ OU ACEITARÁ QUE SOFREU TAL COISA. Todos aqueles que a sofreram, usualmente, defenderão apaixonadamente os seus manipuladores, clamando que simplesmente lhes foi "mostrada a luz"...ou que foram transformados de modo miraculoso.

O NASCIMENTO DA CONVERSÃO

CONVERSÃO é uma palavra "agradável" para LAVAGEM CEREBRAL. E qualquer estudo de lavagem cerebral tem de começar com o estudo do Revivalismo Cristão no século dezenove, na América. Aparentemente, Jonathan Edwards descobriu acidentalmente as técnicas durante uma cruzada religiosa em 1735, em Northampton, Massachusetts. Induzindo culpa e apreensão aguda e aumentando a tensão, os "pecadores" que compareceram aos seus encontros de reavivamento foram completamente dominados, tornando-se submissos. Tecnicamente, o que Edwards estava fazendo era criar condições que deixavam o cérebro em branco, permitindo a mente aceitar nova programação. O problema era que as novas informações eram negativas. Ele poderia então dizer-lhes, "vocês são pecadores! vocês estão destinados ao inferno!". Como resultado, uma pessoa tentou e outra cometeu suicídio. E os vizinhos do suicida relataram que eles também foram tão profundamente afetados que, embora tivessem encontrado a "salvação eterna", eram também obcecados com a idéia diabólica de dar fim às próprias vidas.

Uma vez que um pregador, líder de culto, manipulador ou autoridade atinja a fase de apagamento do cérebro, deixando-o em branco, os sujeitos ficam com as mentes escancaradas, aceitando novas idéias em forma de sugestão. Porque Edwards não tornou sua mensagem positiva até o fim do reavivamento, muitos aceitaram as sugestões negativas e agiram, ou desejaram agir, de acordo com elas.

Charles J. Finney foi outro cristão revivalista que usou as mesmas técnicas quatro anos mais tarde, em conversões religiosas em massa, em Nova Iorque. As técnicas são ainda hoje utilizadas por cristãos revivalistas, cultos, treinadores de potencial humano, algumas reuniões de negócios, e nas forças armadas dos EUA, para citar apenas alguns. Deixem-me acentuar aqui que eu não creio que muitos pregadores revivalistas percebam ou saibam que estão usando técnicas de lavagem cerebral. Edwards simplesmente topou com uma técnica que realmente funcionou, e outros a copiaram e continuam a copiá-la pelos últimos duzentos anos. E o mais sofisticado de nosso conhecimento e tecnologia tornou mais efetiva a conversão. Sinto fortemente que esta é uma das maiores razões para o crescimento do fundamentalismo cristão, especialmente na variedade televisiva, enquanto que muitas das religiões ortodoxas estão declinando.

AS TRÊS FASES CEREBRAIS

Os cristãos podem ter sido os primeiros a formular com sucesso a lavagem cerebral, mas teremos de ir a Pavlov, um cientista russo, para uma explicação técnica. Nos idos de 1900, seu trabalho com animais abriu a porta para maiores investigações com humanos. Depois da revolução russa, Lênin viu rapidamente o potencial em aplicar as pesquisas de Pavlov para os seus próprios objetivos.

Três distintos e progressivos estados de inibição transmarginal foram identificados por Pavlov. O primeiro é a fase EQUIVALENTE, na qual o cérebro dá a mesma resposta para estímulos fortes e fracos. A segunda é a fase PARADOXAL, na qual o cérebro responde mais ativamente aos estímulos fracos do que aos fortes. E a terceira é a fase ULTRA-PARADOXAL, na qual respostas condicionadas e padrões de comportamento vão de positivo para negativo, ou de negativo para positivo.

Com a progressão por cada fase, o grau de conversão torna-se mais efetivo e completo. São muitos e variados os modos de alcançar a conversão, mas o primeiro passo usual em lavagens cerebrais políticas ou religiosas é trabalhar nas emoções de um indivíduo ou grupo, até eles chegarem a um nível anormal de raiva, medo, excitação ou tensão nervosa. O resultado progressivo desta condição mental é prejudicar o julgamento e aumentar a sugestibilidade. Quanto mais esta condição é mantida ou intensificada, mais ela se mistura. Uma vez que a catarse, ou a primeira fase cerebral é alcançada, uma completa mudança mental torna-se mais fácil. A programação mental existente pode ser substituída por novos padrões de pensamento e comportamento.

Outras armas fisiológicas freqüentemente utilizadas para modificar as funções normais do cérebro são os jejuns, dietas radicais ou dietas de açúcar, desconforto físico, respiração regulada, canto de mantras em meditação, revelação de mistérios sagrados, efeitos de luzes e sons especiais, e intoxicação por drogas ou por incensos. Os mesmos resultados podem ser obtidos nos tratamentos psiquiátricos contemporâneos por eletrochoques e mesmo pelo abaixamento proposital do nível de açúcar no sangue, com a aplicação de injeções de insulina. Antes de falar sobre exatamente como algumas das técnicas são aplicadas, eu quero ressaltar que hipnose e táticas de conversão são duas coisas distintas e diferentes -- e que as técnicas de conversão são muito mais poderosas. Contudo, as duas são freqüentemente misturadas ... com poderosos resultados.

COMO OS PREGADORES REVIVALISTAS TRABALHAM

Se você desejar ver um pregador revivalista em ação, há provavelmente vários em sua cidade. Vá para a igreja ou tenda e sente-se acerca de três-quartos da distância ao fundo. Muito provavelmente uma música repetitiva será tocada enquanto o povo vem para o serviço. Uma batida repetitiva, idealmente na faixa de 45 a 72 batidas por minuto (um ritmo próximo às batidas do coração humano) é muito hipnótica e pode gerar um estado alterado de consciência, com olhos abertos, em uma grande porcentagem das pessoas. E, uma vez você esteja em um ritmo alfa, você está pelo menos 25 vezes mais sugestionável do que você estaria, em um ritmo beta, de plena consciência. A música é provavelmente a mesma para cada serviço, ou incorpora a mesma batida, e muitas das pessoas irão para um estado alterado de consciência quase imediatamente após entrarem no santuário. Subconscientemente, eles recordam o estado mental quando em serviços religiosos anteriores, e respondem de acordo com a programação pós-hipnótica.

Observe as pessoas esperando pelo início do serviço religioso. Muitas exibirão sinais exteriores de transe -- corpo relaxado e olhos ligeiramente dilatados. Freqüentemente, eles começam a agitar as mãos para diante e para trás no ar, enquanto estão sentadas em suas cadeiras. A seguir, o pastor assistente muito provavelmente virá, e falará usualmente com uma simpática "voz ritmada".

TÉCNICA DA VOZ RITMADA

Uma "voz ritmada" é um estilo padronizado, pausado, usado por hipnotizadores quando estão induzindo um transe. É também usado por muitos advogados, vários dos quais são altamente treinados hipnólogos, quando desejam fixar um ponto firmemente na mente dos jurados. Uma voz ritmada pode soar como se o locutor estivesse conversando ao ritmo de um metrônomo, ou pode soar como se ele estivesse enfatizando cada palavra em um estilo monótono e padronizado. As palavras serão usualmente emitidas em um ritmo de 45 a 60 batidas por minuto, maximizando o efeito hipnótico.

Agora, o pastor assistente começa o processo de "acumulação". Ele induz um estado alterado de consciência e/ou começa a criar excitação e expectativas na audiência. A seguir, um grupo de jovens mulheres vestidas em longos vestidos brancos que lhes dão um ar de pureza, vêm e iniciam um canto. Cantos evangélicos são o máximo, para se conseguir excitação e ENVOLVIMENTO. No meio do canto, uma das garotas pode ser "golpeada por um espírito" e cai, ou reage como se estivesse possuída pelo Espírito Santo. Isto efetivamente aumenta a excitação na sala. Neste ponto, hipnose e táticas de conversão estão sendo misturadas e o resultado é que toda a atenção da audiência está agora tomada, enquanto o ambiente torna-se cada vez mais tenso e excitado. Exatamente neste momento, quando a indução ao estado mental alfa foi conseguido em massa, eles irão passar o prato ou cesta de coleta. Ao fundo, em uma voz ritmada a 45 batidas por minuto, o pregador assistente poderá exortar, "dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor...dê ao Senhor". E a audiência dá. Deus pode não obter o dinheiro, mas seu já rico representante, sim.

A seguir, vem o pregador fogo-e-enxôfre. Ele induz medo e aumenta a tensão falando sobre "o demônio", "ir para o inferno", e sobre o Armageddon próximo.

Na última dessas reuniões que assisti, o pregador falou sobre o sangue que brevemente escorreria de cada torneira na terra. Ele também estava obcecado com um "machado sangrento de Deus", o qual todos tinham visto suspenso sobre o púlpito, na semana anterior. Eu não tinha nenhuma dúvida de que todos o tinham visto -- o poder da sugestão hipnótica em centenas de pessoas assegura que entre 10 a 25 por cento verão o que quer que lhes seja sugerido ver.

Na maioria da assembléias revivalistas, "depoimentos" ou "testemunhos" usualmente seguem-se ao sermão amedrontador. Pessoas da audiência virão ao palco relatar as suas histórias. "Eu estava aleijado e agora posso caminhar!". "Eu tinha artrite e ela se foi!". Esta é uma manipulação psicológica que funciona. Depois de ouvir numerosos casos de curas milagrosas, a pessoa comum na audiência com um problema menor está certa de que ela pode ser curada. A sala está carregada de medo, culpa e intensa expectativa e excitação.

Agora, aqueles que querem ser curados são freqüentemente alinhados ao redor da sala, ou lhes é dito para vir à frente. O pregador pode tocá-los na cabeça e gritar "esteja curado!". Isto libera a energia psíquica, e, para muitos, resulta a catarse. Catarse é a purgação de emoções reprimidas. Indivíduos podem gritar, cair ou mesmo entrar em espasmos. E se a catarse é conseguida, eles possuem uma chance de serem curados. Na catarse (uma das três fases cerebrais anteriormente mencionadas), a lousa do cérebro é temporariamente apagada e novas sugestões são aceitas.

Para alguns, a cura pode ser permanente. Para muitos, irá durar de quatro dias a uma semana, que é, incidentalmente, o tempo que dura normalmente uma sugestão hipnótica dada a uma pessoa. Mesmo que a cura não dure, se eles voltarem na semana seguinte, o poder da sugestão pode continuamente fazer ignorar o problema... ou, algumas vezes, lamentavelmente, pode mascarar um problema físico que pode se mostrar prejudicial ao indivíduo, a longo prazo. Eu não estou dizendo que curas legítimas não aconteçam. Acontecem. Pode ser que o indivíduo estava pronto para largar a negatividade que causou o problema em primeiro lugar; pode ser obra de Deus. Mas afirmo que isto pode ser explicado com o conhecimento existente acerca das funções cérebro/mente. As técnicas e encenações variarão de igreja para igreja. Muitos usam "falar línguas" para gerar a catarse em alguns, enquanto o espetáculo cria intensa excitação nos observadores. O uso de técnicas hipnóticas por religiões é sofisticado, e profissionais asseguram que elas tornaram-se ainda mais efetivas. Um homem em Los Angeles está projetando, construindo e reformando um monte de igrejas por todo o país. Ele diz aos ministros o que eles precisam, e como usá-lo. Sua fita gravada indica que a congregação e a renda dobrarão, se o ministro seguir suas instruções. Ele admite que cerca de 80 por cento de seus esforços são para o sistema de som e de iluminação. Som potente e o uso apropriado de iluminação são de importância primária em induzir estados alterados de consciência -- eu os tenho usado por anos, em meus próprios seminários. Contudo, meus participantes estão plenamente conscientes do processo, e do que eles podem esperar como resultado de sua participação.

SEIS TÉCNICAS DE CONVERSÃO

Cultos e organizações que ensinam potencial humano estão sempre procurando por novos convertidos. Para conseguí-los, eles precisam criar uma fase cerebral. E geralmente precisam fazê-lo em um curto espaço de tempo -- um fim-de-semana, até mesmo em um dia. O que se segue são as seis técnicas primárias usadas para gerar a conversão.

O encontro ou treinamento tem lugar em uma área onde os participantes estão desligados do resto do mundo. Isto pode ser em qualquer lugar: uma casa isolada, um local remoto ou rural, ou mesmo no salão de um hotel, onde aos participantes só é permitido usar o banheiro, limitadamente. Em treinamentos de potencial humano, os controladores darão uma prolongada conferência acerca da importância de "honrar os compromissos" na vida. Aos participantes é dito que, se eles não honram seus compromissos, sua vida nunca irá melhorar. É uma boa idéia honrar compromissos, mas os controladores estão subvertendo um valor humano positivo, para os seus interesses egoístas. Os participantes juram para si mesmos e para os treinadores que eles honrarão seus compromissos. Qualquer um que não o faça será intimado a um compromisso, ou forçado a deixá-los. O próximo passo é concordar em completar o treinamento, deste modo assegurando uma alta porcentagem de conversões para as organizações. Eles terão, normalmente, que concordar em não tomar drogas, fumar, e algumas vezes não comer...ou lhes são dados lanches rápidos de modo a criar tensão. A razão real para estes acordos é alterar a química interna, o que gera ansiedade e, espera-se, cause ao menos um ligeiro mal-funcionamento do sistema nervoso, que aumente o potencial de conversão. Antes que a reunião termine, os compromissos serão lembrados para assegurar que o novo convertido vá procurar novos participantes. Eles são intimidados a concordar em fazê-lo, antes de partirem. Desde que a importância em manter os compromissos é tão grande em sua lista de prioridade, o convertido tentará trazer à força cada um que ele conheça, para assistir a uma futura sessão oferecida pela organização. Os novos convertidos são fanáticos. De fato, o termo confidencial de merchandising nos maiores e mais bem sucedidos treinamentos de potencial humano é "vender com fanatismo!"

Pelo menos muitos milhares de pessoas se graduam, e uma boa porcentagem é programada mentalmente de modo a assegurar sua futura lealdade e colaboração se o guru ou a organização chamar. Pense nas implicações políticas em potencial, de centenas de milhares de fanáticos programados para fazer campanha pelo seu guru. Fique precavido se uma organização deste tipo oferecer sessões de acompanhamento depois do seminário. Estas podem ser encontros semanais ou seminários baratos dados em uma base regular, nos quais a organização tentará habilmente convencê-lo -- ou então será algum evento planejado regularmente, usado para manter o controle. Como os primeiros cristão revivalistas descobriram, um controle de longo prazo é dependente de um bom sistema de acompanhamento.

Muito bem. Agora, vamos ver uma segunda dica, que mostra quando táticas de conversão estão sendo usadas. A manutenção de um horário que causa fadiga física e mental. Isto é primariamente alcançado por longas horas nas quais aos participantes não é dada nenhuma oportunidade para relaxar ou refletir.

A terceira dica: quando notar que são utilizadas técnicas para aumentar a tensão na sala ou meio-ambiente.

Número quatro: incerteza. Eu poderia passar várias horas relatando várias técnicas para aumentar a tensão e gerar incerteza. Basicamente, os participantes estão preocupados quanto a serem notados ou apontados pelos instrutores; sentimentos de culpa se manifestam, e eles são tentados a relatar seus mais íntimos segredos aos outros participantes, ou forçados a tomar parte em atividades que enfatizem a remoção de suas máscaras. Um dos mais bem sucedidos seminários de potencial humano força os participantes a permanecerem em um palco à frente da audiência, enquanto são verbalmente atacados pelos instrutores. Uma pesquisa de opinião pública, conduzida a alguns anos, mostrou que a situação mais atemorizante na qual um indivíduo pode se encontrar, é falar para uma audiência. Isto iguala-se à lavar uma janela externamente, no 85º andar de um prédio. Então você pode imaginar o medo e a tensão que esta situação gera entre os participantes. Muitos desfalecem, mas muitos enfrentam o stress por uma mudança de mentalidade. Eles literalmente entram em estado alfa, o que automaticamente os torna mais sugestionáveis do que normalmente são. E outra volta da espiral descendente para a conversão é realizada com sucesso.

O quinto indício de que táticas de conversão estão sendo usadas é a introdução de jargão -- novos termos que tem significado unicamente para os "iniciados" que participam. Linguagem viciosa é também freqüentemente utilizada, de propósito, para tornar desconfortáveis os participantes. A dica final é se não há nenhum humor na comunicação...ao menos até que os participantes sejam convertidos. Então, divertimentos e humor são altamente desejáveis, como símbolos da nova alegria que os participantes supostamente "encontraram".

Não estou dizendo que boas coisas não resultem da participação em tais reuniões. Isto pode ocorrer. Mas afirmo que é importante para as pessoas saberem o que aconteceu, e ficarem prevenidas de que o contínuo envolvimento pode não ser de seu maior interesse.

Através dos anos, tenho conduzido seminários profissionais para ensinar às pessoas a serem hipnotizadores, treinadores e conselheiros. Tive como alunos muitos daqueles que conduzem treinamentos e reuniões, que vêm a mim e dizem, "estou aqui porque eu sei que aquilo que faço funciona, mas não sei o por quê". Depois de mostrar-lhes o como e o por quê, muitos deles tem deixado este negócio, ou decidido abordá-lo diferentemente, de uma maneira mais amorosa e humana.

Muitos destes treinadores tem se tornado meus amigos, e marcou-nos a todos ter experimentado o poder de uma pessoa com um microfone na mão em uma sala cheia de pessoas. Some um pouco de carisma, e você pode contar com uma alta taxa de conversões. A triste verdade é que uma alta porcentagem de pessoas quer ceder o seu poder - eles são verdadeiros "crentes"! Reuniões de culto e treinamentos de potencial humano são um ambiente ideal para se observar em primeira mão o que é tecnicamente chamado de "Síndrome de Estocolmo". Esta é uma situação na qual aqueles que são intimidados, controlados e torturados começam a amar, admirar e muitas vezes até desejar sexualmente os seus controladores ou captores.

Mas permitam-me deixar aqui uma palavra de advertência: se você pensa que pode assistir tais reuniões e não ser afetado, você provavelmente está errado. Um exemplo perfeito é o caso de uma mulher que foi ao Haiti com Bolsa de Estudos da Guggenheim para estudar o vudu haitiano. Em seu relatório, ela diz como a música eventualmente induz movimentos incontroláveis do corpo, e um estado alterado de consciência. Embora ela compreendesse o processo e pudesse refletir sobre o mesmo, quando começou a sentir-se vulnerável à música ela tentou lutar e fugir. Raiva ou resistência quase sempre asseguram conversão. Poucos momentos mais tarde ela sentiu-se possuída pela música e começou a dançar, em transe, por todo o local onde se realizava o culto vudu. A fase cerebral tinha sido induzida pela música e pela excitação, e ela acordou sentindo-se renascida. A única esperança de assistir tais reuniões sem sentir-se afetado é ser um Buda, e não se permitir sentimentos positivos ou negativos. Poucas pessoas são capazes de tal neutralidade.

Antes de prosseguir, vamos voltar às seis dicas de conversão. Eu quero mencionar o governo dos Estados Unidos, e os campos de treinamento militar. O Corpo de Fuzileiros Navais (the Marine Corps) afirma que quebra o moral dos homens antes de "reconstruí-los" como novos homens - como fuzileiros (marines)! Bem, isso é exatamente o que eles fazem, da mesma maneira que os cultos vergam o moral das pessoas e as reconstróem como felizes vendedores de flores nas esquinas. Cada uma das seis técnicas de conversão é usada nos campos de treinamento militar. Considerando as necessidades militares, não estou fazendo um julgamento quanto a se isto é bom ou ruim. É UM FATO, que as pessoas efetivamente sofrem lavagem cerebral. Aqueles que não querem se submeter devem ser dispensados, ou passarão muito de seu tempo no quartel.

PROCESSO DE DECOGNIÇÃO

Uma vez que a conversão inicial é realizada, nos cultos, no treinamento militar, ou em grupos similares, não pode haver dúvidas entre seus membros. Estes devem responder aos comandos, e fazer o que estes lhes disserem. De outra forma, eles seriam perigosos ao controle da organização. Isto é normalmente conseguido pelo Processo de Decognição em três passos.

O primeiro passo é o de REDUÇÃO DA VIGILÂNCIA: os controladores provocam um colapso no sistema nervoso, tornando difícil distinguir entre fantasia e realidade. Isto pode ser conseguido de várias maneiras. DIETA POBRE é uma; muito cuidado com Brownies e com Koolaid. O açúcar 'desliga' o sistema nervoso. Mais sutil é a "DIETA ESPIRITUAL", usada por muitos cultos. Eles comem somente vegetais e frutas; sem o apoio dos grãos, nozes, sementes, laticínios, peixe ou carne, um indivíduo torna-se mentalmente "aéreo". Sono inadequado é outro modo fundamental de reduzir a vigilância, especialmente quando combinada com longas horas de intensa atividade física. Também, ser bombardeado com experiências únicas e intensas consegue o mesmo resultado.

O segundo passo é a CONFUSÃO PROGRAMADA: você é mentalmente assaltado enquanto sua vigilância está sendo reduzida conforme o passo um. Isto se consegue com um dilúvio de novas informações, leituras, discussões em grupo, encontros ou tratamento individual, os quais usualmente eqüivalem ao bombardeio do indivíduo com questões, pelo controlador. Durante esta fase de decognição, realidade e ilusão freqüentemente se misturam, e uma lógica pervertida é comumente aceita.

O terceiro passo é PARADA DO PENSAMENTO: técnicas são usadas para causar um "vazio" na mente. Estas são técnicas para alterar o estado de consciência, que inicialmente induzem calma ao dar à mente alguma coisa simples para tratar, com uma atenta concentração. O uso continuado traz um sentimento de exultação e eventualmente alucinação. O resultado é a redução do pensamento, e eventualmente, se usado por muito tempo, a cessação de todo pensamento e a retirada de todo o conteúdo da mente, exceto o que os controladores desejem. O controle é, então, completo. É importante estar atento que quando membros ou participantes são instruídos para usar técnicas de "parar o pensamento, eles são informados de que serão beneficiados: eles se tornarão "melhores soldados", ou "encontrarão a luz".

Há três técnicas primárias usadas para parar o pensamento. A primeira é a MARCHA: a batida do “tump”, “tump”, “tump”, literalmente gera auto-hipnose, e grande susceptibilidade à sugestão. A segunda técnica para parar o pensamento é a MEDITAÇÃO. Se você passar de uma hora a uma hora e meia por dia em meditação, depois de poucas semanas há uma grande probabilidade de que você não retornará à consciência plena normal beta. Você permanecerá em um estado fixo alfa tanto mais quanto você continue a meditar. Não estou dizendo que isto é ruim - se você mesmo o faz. Pode então ser benéfico. Mas é um fato que você está levando a sua mente a um estado de vazio. Eu tenho testado quem medita, com máquinas EEG, e o resultado é conclusivo: quanto mais você medita, mais vazia se torna a sua mente, principalmente se usada em excesso ou em combinação com decognição; todos os pensamentos cessam. Alguns grupos espiritualistas vêem isto como nirvana - o que é besteira. Isto é simplesmente um resultado fisiológico previsível. E se o céu na terra significa não-pensamento e não-envolvimento, eu realmente pergunto por que nós estamos aqui.

A terceira técnica de parar o pensamento é pelo CÂNTICO, e freqüentemente por cânticos em meditação. "Falar em línguas" poderia também ser incluído nesta categoria.

Todas as três técnicas produzem um estado alterado de consciência. Isto pode ser muito bom se VOCÊ está controlando o processo, porque você também controla o que vai usar. Eu pessoalmente uso ao menos uma sessão de auto-hipnose cada dia, e eu sei quão benéfico isto é para mim. Mas você precisa saber, se usar estas técnicas a ponto de permanecer continuamente em estado alfa, embora você permaneça em um estado levemente embriagado, você estará também mais sugestionável.

VERDADEIROS CRENTES & MOVIMENTOS DE MASSA

Antes de terminar esta seção de conversão, eu quero falar sobre as pessoas que são mais susceptíveis a isto, bem como sobre os Movimentos de Massa. Eu estou convencido que pelo menos um terço da população é aquilo que Eric Hoffer chama "verdadeiros crentes". Eles são sociáveis, e são seguidores... são pessoas que se deixam conduzir por outros. Eles procuram por respostas, significado e por iluminação fora de si mesmos.

Hoffer, que escreveu O VERDADEIRO CRENTE, um clássico em movimentos de massa, diz: "os verdadeiros crentes não estão decididos a apoiar e afagar o seu ego; têm, isto sim, uma ânsia de se livrarem dele. Eles são seguidores, não em virtude de um desejo de auto-aperfeiçoamento, mas porque isto pode satisfazer sua paixão pela auto-renúncia!". Hoffer também diz que os verdadeiros crentes "são eternamente incompletos e eternamente inseguros"!

Eu sei disto, pela minha própria experiência. Em meus anos de ensino e de condução de treinamentos, eu tenho esbarrado com isto muitas vezes. Tudo que eu quero fazer é tentar mostrar-lhes que a única coisa a ser buscada é a Verdade interior. Suas respostas pessoais deverão ser encontradas lá, e solitariamente. Eu sempre digo que a base da espiritualidade é a auto-responsabilidade e a auto-evolução, mas muitos dos verdadeiros crentes apenas respondem que eu não possuo espiritualidade, e vão em seguida procurar por alguém que lhes dará o dogma e a estrutura que eles desejam.

Nunca subestime o potencial de perigo destas pessoas. Eles podem facilmente ser moldados como fanáticos, que irão com muito prazer trabalhar e até morrer pela sua causa sagrada. Isto é um substituto para a sua fé perdida, e freqüentemente lhes oferece um substituto para a sua esperança individual. A Maioria Moral é feita de verdadeiros crentes. Todos os cultos são compostos de verdadeiros crentes. Você os encontrará na política, nas igrejas, nos negócios e nos grupos de ação social. Eles são os fanáticos nestas organizações.

Os Movimentos de Massa possuem normalmente um líder carismático. Seus seguidores querem converter outros para o seu modo de vida ou impor um novo estilo de vida - se necessário, recorrendo a uma legislação que os force a isto, como evidenciado pelas atividades da Maioria Moral. Isto significa coação pelas armas ou punição, que é o limite em se tratando de coação legal.

Um ódio comum, um inimigo, ou o demônio são essenciais ao sucesso de um movimento de massas. Os Cristão Renascidos tem o próprio Satã, mas isto não é o bastante - a ele se soma o oculto, os pensadores da Nova Era, e mais tarde, todos aqueles que se oponham à integração de igreja e política, como evidenciado pelas suas campanhas políticas contra a reeleição daqueles que se oponham às suas opiniões. Em revoluções, o demônio é usualmente o poder dominante ou a aristocracia. Alguns movimentos de potencial humano são bastantes espertos para pedir a seus graduados para que associem-se a alguma coisa, o que o etiquetaria como um culto - mas, se você olhar mais de perto, descobrirá que o demônio deles é quem quer que não tenha feito o seu treinamento.

Há movimentos de massa sem demônios, mas eles raramente alcançam um maior status. Os Verdadeiros Crentes são mentalmente desequilibrados ou mesmo pessoas inseguras, sem esperança e sem amigos. Pessoas não procuram aliados quando estão amando, mas eles o fazem quando odeiam ou tornam-se obcecados com uma causa. E aqueles que desejam uma nova vida e uma nova ordem sentem que os velhos caminhos devem ser destruídos antes que a nova ordem seja construída.

TÉCNICAS DE PERSUASÃO

Persuasão não é uma técnica de lavagem cerebral, mas é a manipulação da mente humana por outro indivíduo, sem que o sujeito manipulado fique consciente do que causou sua mudança de opinião. Eu somente tenho tempo para apresentar umas poucas das centenas de técnicas em uso atualmente, mas a base da persuasão é sempre o acesso ao seu CÉREBRO DIREITO. A metade esquerda de seu cérebro é analítica e racional. O lado direito é criativo e imaginativo. Isto está excessivamente simplificado, mas expressa o que quero dizer. Então, a idéia é desviar a atenção do cérebro esquerdo e mantê-lo ocupado. Idealmente, o agente gera um estado alterado de consciência, provocando uma mudança da consciência beta para a alfa; isto pode ser medido em uma máquina de EEG.

Primeiro, deixem-me dar um exemplo de como distrair o cérebro esquerdo. Políticos usam esta poderosa técnica todo o tempo; advogados usam muitas variações, as quais eles chamam "apertar o laço".

Assuma por um momento que você está observando um político fazendo um discurso. Primeiro, ele pode suscitar o que é chamado "SIM, SIM". São declarações que provocarão assentimentos nos ouvintes; eles podem mesmo sem querer balançar suas cabeças em concordância. Em seguida vem os TRUÍSMOS. Estes são, usualmente, fatos que podem ser debatidos, mas uma vez que o político tenha a concordância da audiência, as vantagens são a favor do político, que a audiência não irá parar para pensar a respeito, continuando a concordar. Por último vem a SUGESTÃO. Isto é o que o político quer que você faça, e desde que você tenha estado concordando todo o tempo, você poderá ser persuadido a aceitar a sugestão. Agora, se você ler o discurso político a seguir, você perceberá que as três primeiras sentenças são do tipo "sim, sim", a três seguintes são truísmos, e a última é a sugestão. "Senhoras e senhores: vocês estão indignados com os altos preços dos alimentos? Vocês estão cansados dos astronômicos preços dos combustíveis? Estão doentes com a falta de controle da inflação? Bem, vocês sabem que o Outro Partido permitiu uma inflação de 18 por cento no ano passado; vocês sabem que o crime aumentou 50 por cento por todo o país nos últimos 12 meses, e vocês sabem que seu cheque de pagamento dificilmente vem cobrindo os seus gastos. Bem, a solução destes problemas é eleger-me, John Jones, para o Senado dos E.U.A."

Eu penso que você já ouviu isto antes. Mas você poderia atentar também para os assim chamados Comandos Embutidos. Como exemplo: em palavras chaves, o locutor poderia fazer um gesto com sua mão esquerda, a qual, como os pesquisadores tem mostrado, é mais apta para acessar o seu cérebro direito. Os políticos e os brilhantes oradores de hoje, orientados pela mídia, são com freqüência cuidadosamente treinados por uma classe inteiramente nova de especialistas, os quais estão usando todos os truques - tanto novos quanto antigos - para manipulá-lo a aceitar o candidato deles.

Os conceitos e técnicas da Neuro-Lingüística são tão fortemente protegidos que eu descobri que, mesmo para falar sobre ela publicamente ou em impressos, isto resulta em ameaça de ação legal. Já o treinamento em Neuro-Lingüística está prontamente disponível para qualquer pessoa que queira dedicar o seu tempo e pagar o preço. Esta é uma das mais sutis e poderosas manipulações a que eu já me expus. Uma amiga minha que recentemente assistiu a um seminário de duas semanas em Neuro-Lingüística descobriu que muitos daqueles com quem ela conversou durante os intervalos era pessoal do governo.

Uma outra técnica que eu aprendi há pouco tempo é inacreditavelmente escorregadia; ela é chamada de TÉCNICA INTERCALADA, e a idéia é dizer uma coisa com palavras, mas plantar uma impressão inconsciente de alguma outra coisa na mente dos ouvintes e/ou observadores.

Quero dar um exemplo: suponha que você está observando um comentarista da televisão fazer a seguinte declaração: "O SENADOR JOHNSON está ajudando as autoridades locais a esclarecer os estúpidos enganos das companhias que contribuem para aumentar os problemas do lixo nuclear". Isto soa como uma simples declaração, mas, se o locutor enfatiza a palavra certa, e especialmente se ele faz o gesto de mãos apropriado junto com as palavras chaves, você poderia ficar com a impressão subconsciente de que o senador Johnson é estúpido. Este era o objetivo subliminar da declaração, e o locutor não pode ser chamado para explicar nada.

Técnicas de persuasão são também freqüentemente usadas em pequena escala com muita eficácia. O vendedor de seguro sabe que a sua venda será provavelmente muito mais eficaz se ele conseguir que você visualize alguma coisa em sua mente. É uma comunicação ao cérebro direito. Por exemplo, ele faz uma pausa em sua conversação, olha vagarosamente em volta pela sua sala, e diz, "Você pode imaginar esta linda casa incendiando até virar cinzas?". Claro que você pode! Este é um de seus medos inconscientes, e quando ele o força a visualizar isto, você está sendo muito provavelmente manipulado a assinar o contrato de seguros.

Os Hare Krishna, ao operarem em um aeroporto, usam o que eu chamo técnicas de CHOQUE E CONFUSÃO para distrair o cérebro esquerdo e comunicarem-se diretamente com o cérebro direito. Enquanto estava esperando no aeroporto, uma vez eu fiquei por uma hora observando um deles operar. A sua técnica era a de saltar na frente de quem passasse. Inicialmente, sua voz era alta; então ele abaixava o tom enquanto pedia para que a pessoa levasse um livro, após o que pedia uma contribuição em dinheiro para a causa. Usualmente, quando as pessoas ficam chocadas, elas imediatamente recuam. Neste caso, eles ficavam chocados pela estranha aparência, pela súbita materialização e pela voz alta do devoto Hare Krishna. Em outras palavras, as pessoas iam para um estado alfa por segurança, porque elas não queriam confrontar-se com a realidade à sua frente. Em alfa, elas ficavam altamente sugestionáveis, e por isto aceitavam a sugestão de levar o livro; no momento em que pegavam o livro, sentiam-se culpadas e respondiam a uma segunda sugestão: dar dinheiro. Nós estamos todos condicionados de tal forma que, se alguém nos dá alguma coisa, nós temos de dar alguma coisa em troca - neste caso, era dinheiro. Enquanto observava este trabalhador incansável, eu estava perto o bastante para perceber que muitas das pessoas que ele parara exibiam um sinal externo de que estavam em alfa - seus olhos estavam dilatados.

PROGRAMAÇÃO SUBLIMINAR

Subliminares são sugestões ocultas que somente o nosso subconsciente percebe. Podem ser sonoras, ocultas por entre a música; visuais, disfarçadas em cada quadro e mostrados tão rapidamente na tela que não são vistos; ou espertamente incorporados ao quadro ou desenho.

Muitas fitas de áudio de reprogramação subliminar oferecem sugestões verbais gravadas em baixo volume. Eu questiono a eficácia desta técnica - se as subliminares não são perceptíveis, elas não podem ser efetivas, e subliminares gravadas abaixo do nível de audição são, por esta razão, inúteis. A mais antiga técnica de áudio subliminar usa uma voz que segue o volume da música de tal modo que as subliminares são impossíveis de detectar sem um equalizador paramétrico. Mas esta técnica é patenteada, e, quando eu quis desenvolver minha própria linha de audiocassetes subliminares, negociações com os detentores desta patente provaram ser insatisfatórias.

Meu procurador obteve cópias das patentes, as quais eu dei a alguns talentosos engenheiros de som de Hollyhood pedindo-lhes para criarem uma nova técnica. Eles encontraram um modo de modificar psico-acusticamente e sintetizar as subliminares de tal modo que elas fossem projetadas no mesmo acorde e freqüência que a música, assim dando-lhes o efeito de fazerem parte da música. Mas nós descobrimos que usando estas técnicas, não há maneira de reduzir as freqüências para detectar os subliminares. Em outras palavras, embora eles possam ser ouvidos pela mente subconsciente, não podem ser monitorados mesmo pelos mais sofisticados equipamentos.

Se nós podemos criar esta técnica tão facilmente como o fizemos, eu posso somente imaginar quão sofisticada a tecnologia se tornou, com fundos ilimitados do governo e da publicidade. E eu estremeço só de pensar na manipulação dos comerciais de propaganda a que estamos expostos diariamente. Não há simplesmente nenhuma maneira de saber o que há por trás da música que você ouve. E pode mesmo ser possível esconder uma segunda voz por trás da voz que você está ouvindo.

As séries de Wilson Bryan Key, Ph.D., sobre subliminares em publicidade e campanhas políticas documentam bem o abuso em muitas áreas, especialmente na publicidade impressa em jornais, revistas e posters.

A grande questão sobre subliminares é: eles funcionam? Eu garanto que sim.

Não somente devido àqueles que usaram minhas fitas, mas também dos resultados de tais programas subliminares por trás das músicas das lojas de departamentos. Supostamente, a única mensagem eram instruções para não roubar: uma cadeia de lojas de departamentos da Costa Leste reportou uma redução de 37 por cento em furtos nos primeiros nove meses do teste.

Um artigo de 1984 no jornal "Brain-Mind Bulletin" declara que até 99 por cento de nossa atividade cognitiva pode ser "não-consciente", de acordo com o diretor do Laboratório de Psicofisiologia Cognitiva da Universidade de Illinois. O longo relatório termina com a declaração, "estas ferramentas apoiam o uso de abordagens subliminares tais como sugestões gravadas em fita para perder peso, e o uso terapêutico da hipnose e Programação Neuro-Lingüística".

ABUSO DAS MASSAS

Eu poderia relatar muitas histórias que apoiam a programação subliminar, mas eu gastaria muito tempo para falar mesmo dos mais sutis usos de tal programação.

Eu experimentei ir pessoalmente, com um grupo, a reuniões no auditório de Los Angeles, onde mais de dez mil pessoas se reúnem para ouvir uma figura carismática. Vinte minutos depois de entrar no auditório eu percebi que estava indo e vindo de um estado alterado de consciência. Todos que me acompanhavam estavam experimentando a mesma coisa. Como este é o nosso negócio, nós percebíamos o que acontecia, mas os que nos rodeavam nada percebiam. Por cuidadosa observação, o que parecia ser uma demonstração expontânea era, de fato, uma astuta manipulação. A única maneira que eu podia imaginar pela qual se poderia fazer a indução ao transe era por meio de uma vibração de 6 a 7 ciclos por segundo que soava juntamente com o som do ar condicionado. Esta vibração em particular gera um ritmo alfa, a qual tornará a audiência altamente susceptível às sugestões. De 10 a 25 por cento da população é capaz de ir para um estado alterado de consciência sonambúlico; para estas pessoas, as sugestões do locutor, se não-ameaçadoras, podem potencialmente ser aceitas como "comandos".

VIBRATO

Isto nos leva a mencionar o VIBRATO. Vibrato é o efeito de trêmulo feito por alguma música instrumental ou vocal, e a sua faixa de freqüências conduz as pessoas a entrarem em um estado alterado de consciência. Em um período da história inglesa, aos cantores cuja voz possuía um vibrato pronunciado não era permitido cantarem em público, porque os ouvintes entravam em um estado alterado de consciência, quando então tinham fantasias, inclusive de ordem sexual.

Pessoas que assistem à ópera ou apreciam ouvir cantores como Mário Lanza estão familiarizados com os estados alterados induzidos pelos cantores.

ELF

Agora, vamos levar esta condição um pouco mais longe. Há também ondas de freqüência extra-baixa (ELFs) inaudíveis. Elas são eletromagnéticas por natureza. Um dos usos básicos das ELFs é a comunicação com nossos submarinos. O dr. Andrija Puharich, um altamente respeitado pesquisador, em uma tentativa de alertar os oficiais americanos acerca do uso pelos russos das ELFs, realizou uma experiência. Voluntários tinham conexões ligadas aos seus cérebros de modo a que as ondas pudessem ser medidas em um EEG. Eles eram isolados em uma sala de metal que era imune à penetração de qualquer sinal normal.

Puharich então irradiou ondas ELF para os voluntários. As ondas ELFs passam direto através da Terra, e, claro, atravessam paredes de metal. Os que estavam isolados não sabiam se o sinal estava ou não sendo enviado, e Puharich observou as reações em um aparelho: 30 por cento dos que estavam na sala acusavam o sinal de ELF em seis ou dez segundos.

Quando eu digo "acusavam", eu quero dizer que o seu comportamento seguia as mudanças prevista para freqüências muito precisas. Ondas abaixo de seis ciclos por segundo causavam perturbações emocionais e até a interrupção de funções físicas. Para 8.2 ciclos, eles sentiam um um elevado sentimento, como se estivessem em uma poderosa meditação, aprendida à custa de muitos anos. Onze até 11,3 ciclos induziam ondas de depressão e agitação, que conduziam a um comportamento turbulento.

O NEUROFONE

O dr. Patrick Flanagan é um meu amigo pessoal. No início dos anos 60, como um adolescente, Pat foi listado como um dos maiores cientistas do mundo pela revista Life. Entre os seus muitos inventos havia um dispositivo que ele chamou Neurofone - um instrumento eletrônico que podia, com sucesso, transmitir sugestões diretamente através do contato com a pele. Quando ele tentou patentear o dispositivo, o governou demandou para que ele provasse que era dele o invento. Quando ele o fez, a Agência de Segurança Nacional confiscou o neurofone. Pat levou dois anos de batalha legal para ter sua invenção de volta.

Usando o dispositivo, você não ouve ou vê nada; ele é aplicado à pele, a qual Pat afirma que é a fonte de sentidos especiais. A pele contém mais sensores de calor, toque, dor, vibração e campos elétricos do que qualquer outra parte da anatomia humana.

Em um de seus recentes testes, Pat conduziu dois idênticos seminários para uma audiência militar - um seminário em uma noite e outro na seguinte, porque a sala não era bastante grande para acomodar todos ao mesmo tempo. Quando o primeiro grupo provou ser muito pouco receptivo e relutante em responder, Patrick passou o dia seguinte fazendo uma fita de áudio especial para tocar no segundo seminário. A fita instruía a audiência a ser extremamente calorosa, sensível e para que as suas mãos "formigassem". A fita foi tocada através do neurofone, o qual foi conectado por um fio que ele colocou ao longo do teto da sala. Não havia locutores, e assim nenhum som podia ser ouvido, e ainda assim a mensagem foi transmitida com sucesso através do fio diretamente para a mente dos que assistiam o seminário. Eles foram calorosos e receptivos, suas mãos formigaram e eles responderam à programação, com reações que não posso mencionar aqui.

Quanto mais procuramos descobrir sobre como os seres humanos agem, através da altamente avançada tecnologia de hoje, tanto mais aprendemos a controlá-los. E o que provavelmente mais me assusta é que o meio para dominá-los já está aí! A televisão em sua sala e quarto está fazendo muito mais do que apenas dar-lhe entretenimento.

Antes de continuar, deixem-me ressaltar alguma coisa a mais acerca do estado alterado de consciência. Quando você vai para um estado alterado, você passa a usar o lado direito do cérebro, o que resulta na liberação dos opiáceos internos do corpo: encefalinas e beta-endorfinas, que quimicamente são quase idênticas ao ópio. Em outras palavras, dá uma boa sensação, a qual você sempre irá querer mais.

Testes recentes feitos pelo pesquisador Herbert Krugman mostraram que enquanto as pessoas assistem à TV, a atividade do cérebro direito excede em número a atividade do cérebro esquerdo por uma relação de dois para um. Colocando de maneira mais simples, as pessoas estão em um estado alterado e muito freqüentemente, em transe. Elas estão conseguindo a sua beta-endorfina "fixa".

Para medir a extensão da atenção, o psicofisiologista Thomas Mulholland, do Hospital de Veteranos de Bedford, Massachusetts, ligou telespectadores jovens a uma máquina EEG que estava ligada a um fio que interrompia a TV sempre que o cérebro dos jovens produzisse uma maioria de ondas alfa. Embora lhes fosse pedido que se concentrassem, somente uns poucos puderam manter o aparelho ligado por mais do que 30 segundos!

Muitos telespectadores já estão hipnotizados. Aprofundar o transe é fácil.

Um modo simples é colocar um quadro preto a cada 32 quadros do filme que está sendo projetado. Isto cria uma pulsação de 45 batidas por minuto, percebida somente pela mente subconsciente - o ritmo ideal para provocar uma hipnose profunda.

Os comerciais ou sugestões apresentados pelas emissoras seguindo esta indução ao transe-alfa são muito mais comumente aceitas pelos telespectadores. A alta porcentagem da audiência que atinge o sonambulismo profundo pode muito bem aceitar as sugestões como comandos - pelo menos enquanto estes não contrariarem suas convicções morais, a religião ou sua auto-preservação.

O meio para dominar está aqui. Até a idade de 16 anos, as crianças terão passado de 10.000 a 15.000 horas vendo televisão - o que é mais tempo do que ele passam na escola! Na média dos lares, o aparelho de TV fica ligado seis horas e 44 minutos por dia - um acréscimo de nove minutos sobre o ano passado, e três vezes a média de crescimento durante os anos 70.

Isto obviamente não está melhorando...nós estamos rapidamente nos movendo para um mundo nível alfa - muito possivelmente o mundo Orwelliano de "1984" - plácido, olhar vítreo e resposta obediente às instruções.

Um projeto de pesquisa de Jacob Jacoby, um psicólogo da Universidade Purdue, descobriu que de 2.700 pessoas testadas, 90 por cento entenderam mal até mesmo simples opiniões mostradas em comerciais e "Barnaby Jones". Apenas alguns minutos depois, o típico telespectador esquece de 23 a 36 por cento dos assuntos que ele ou ela vê. É claro que eles estavam entrando e saindo do transe! Se você for para um transe profundo, pode ser instruído para relembrar - do contrário, automaticamente esquece tudo.

Eu toquei unicamente a ponta do iceberg. Quando você começa a combinar mensagens subliminares por trás da música, projetar cenas subliminares na tela, produzir efeitos ópticos hipnóticos, ouvir batidas musicais a um ritmo que induz ao transe...você tem uma extremamente eficaz lavagem cerebral. Cada hora que você passa assistindo a TV deixa-o cada vez mais condicionado. E, no caso de você pensar que exista uma lei contra tudo isto, esqueça. Não há! Existem muitas pessoas poderosas que obviamente preferem que as coisas permaneçam exatamente como estão. Será que elas planejam algo?

(Texto traduzido por LGA)

Fonte: http://www.dicksutphen.com/html/dick_sutphen_articles.html



sábado, 25 de setembro de 2010

H. P. BLAVATSKY: UM ESBOÇO DE SUA VIDA

H. P. BLAVATSKY: UM ESBOÇO DE SUA VIDA



Helena Petrovna Blavatsky, uma das mais notáveis figura mundiais de

fins do século XIX, foi muito revolucionária e desafiante ante as

ortodoxias que imperavam, já se tratasse de religião, ciência,

filosofia ou psicologia, para permanecer ignorada. Foi uma iconoclasta

que fez pedacinhos os envoltórios que ocultavam o Real do ilusório:

mas a maioria, obstinada aos convencionalismos e ignorante da Verdade,

atacou-a e injuriou por sua temeridade e coragem ao rasgar o véu

daquilo que parecia uma blasfêmia revelar. Lenta mas certamente os

anos a vindicaram. Apesar de ser ultrajada, ela se contentou

trabalhando “ao serviço da humanidade” e demonstrou sua sabedoria ao

deixar que as futuras gerações julgassem sua magnífica obra .

Helena Petrovna Hahn nasceu prematuramente na meia-noite entre o 30 e

31 de julho (segundo o calendário russo em 12 de agosto) de 1831, no

Ekaterinoslav, província do Ekaterinoslav, ao sul da Rússia. Alguns

estranhos incidentes que ocorreram na hora de seu nascimento e em

oportunidade de seu batismo, fizeram que a servidão lhe pressagiasse

uma existência tormentosa.

Helena foi uma menina indócil, descendente de uma larga linha de

homens e mulheres poderosos e altivos. A história de sua linhagem é a

história da Rússia. Séculos atrás os nômades eslavos erravam pelas

regiões do centro e parte oriental da Europa, e embora tinham suas

formas próprias de governo, quando se estabeleceram no Novgorod

começaram a produzir-se entre eles lutas internas às quais não

conseguiam pôr fim. Chamaram então em sua ajuda ao Rurik (862), chefe

de uma das errantes tribos do Russ”, homens do norte ou escandinavos,

que procuravam estender seu rádio de influência. Rurik estabeleceu o

primeiro governo civil no Novgorod, que se converteu em um poderoso

centro comercial para o oriente e ocidente. Ele foi o primeiro

soberano e reinou por espaço de quinze anos. Durante sua vida seu

filho Igor e seu sobrinho Oleg consolidaram seu poderio no oeste e no

sul do país; Kiev se converteu em um grande principado, e o que

governava ali era virtualmente o soberano da Rússia. Ao correr dos

séculos os descendentes do Rurik se expandiram em são de conquista e

domínio através do país: Vladimiro I (morto no ano 1015) escolheu ao

Cristianismo como religião de seu povo e o denominado “paganismo”

desapareceu. Yaroslao o Sábio (morto no 1034) estruturou os Códigos e

“Direitos Russos”. O sexto filho do Vladimiro II (1113-25) foi Yuri, o

ambicioso ou “dolgorouki”, apelativo este que se manteve como um

título de família. Yuri fundou Moscou e sua dinastia deu origem aos

capitalistas Grandes Duques que governaram e, como sempre, lutaram

entre si ferozmente. Em 1224 as hordas mogóis aproveitaram esta falta

de união e dominaram aos grupos turbulentos, cada um dos quais

invejava o poder e a posição do outro. Mas Iván III, um Dolgorouki, no

ano 1480 rompeu o jugo mogol, e Iván IV exigiu ser coroado como Czar,

adotando-a autoridade suprema. Com seu filho terminou a larga e

brilhante dinastia Dolgorouki. Não obstante, a família ainda teve

influência na época dos Romanoff até a morte da avó da senhora

Blavatsky, a talentosa e erudita Princesa Elena Dolgorouki que

contraiu matrimônio com o André Mikaelovitch Fadéef, o “major” da

linha dos Dolgorouki, da qual os Czares Romanoff eram considerados um

dos ramos mais “jovens”.

Como se viu, a família da Helena era uma das de primeira fila na

Rússia, com tradição e dignidade a sustentar e conhecida através de

toda a Europa. Helena foi uma rebelde e desde sua infância se burlou

firmemente dos convencionalismos, embora ela era o suficientemente

sensitiva para compreender que suas ações não deviam afetar a sua

família nem ferir sua honra. Seu pai, o Capitão Peter Hahn, descendia

dos velhos Cruzados do Mecklenburg, os Rottenstern Hans. Devido a sua

mãe, uma ilustrada literata, morreu quando ela tinha onze anos, passou

Helena sua infância com seus avós, os Fadéef, em uma velha e imensa

mansão no Saratov que cobria a muitos membros da família e a numerosos

criados e assistentes por ser seu avô Fadéef, governador da província

do Saratov.

A natureza da Helena estava fortemente imbuída com uma inata

capacidade psíquica, tão capitalista que indubitavelmente constituía

sua mais predominante característica. Ela sustentava e demonstrava que

tinha habilidade para comunicar-se com os moradores dos mundos sutis e

invisíveis e com os seres que para nós estão “mortos”. Esta capacidade

natural foi posteriormente disciplinada e desenvolvida através de toda

sua vida. Sua educação sofreu a influência da posição social de sua

família e dos fatores culturais imperantes. Assim ela foi uma hábil

lingüista e uma brilhante música, adquiriu sentido científico e

experiência através de sua erudita avó e herdou as faculdades

literárias que caracterizavam à família.

Em 1848, à idade de 17 anos, Helena contraiu matrimônio com o General

Nicephore V. Blavatsky, governador da província do Erivan, que era um

homem já entrado em anos. existem diversas versões referentes ao

porquê deste casamento, mas o que se fez evidente de um primeiro

momento foi que esta união não agradou a Helena, pois depois de três

meses ela abandonou a seu marido e fugiu a casa de seus familiares,

quem a enviou a seu pai. Mas, temerosa de que a obrigasse a retornar

com o General Blavatsky, voltou a escapar, começando assim seus anos

de vagabundagem e aventuras. Apesar disso seu pai manteve contato com

ela e a ajudou financeiramente. Aparentemente ela se manteve afastada

da Rússia o tempo necessário para fazer que a separação de seu marido

fora legal.

Em 1851 Helena, agora Madame Blavatsky ou H. P. B., encontrou pela

primeira vez fisicamente a seu Professor, o Irmão Maior ou Adepto, que

tinha sido sempre seu protetor e a tinha preservado de danos maiores

em suas aventuras juvenis. A partir desse momento ela se converteu em

sua fiel discípula, totalmente obediente a suas indicações ou

diretivas. Sob Seu guia aprendeu a controlar e dirigir as forças às

quais se encontrava submetida em razão de sua excepcional natureza.

Esta condução a levou através de experiências de extraordinária

variedade dentro dos domínios da magia e do ocultismo. Ela aprendeu a

receber mensagens de seus Professores e a transmiti-los a seus

destinatários, evitando corajosamente cada perigo e má interpretação

em seu caminho. Seguir o rastro de suas peregrinações durante o

período de sua aprendizagem, é vê-la a ela trabalhando através de todo

o mundo. Parte deste tempo o passou H. P. B. nas regiões do Himalaya,

estudando em monastérios nos quais se preservaram os ensinos de alguns

dos mais eruditos e espirituais Professores dos tempos passados. Ela

estudou a Vida e as Leis dos mundos internos e as regras que devem

cumprir-se para ganhar o acesso aos mesmos. Como testemunho desta

etapa de seu treinamento esotérico, deixou-nos uma deliciosa versão de

axiomas espirituais em seu livro The Voice of the Silence (A Voz do

Silêncio).

Em 1873, H. P. Blavatsky foi aos Estados Unidos da América para

realizar a obra que lhe tinha sido encomendada. Para qualquer espírito

menos valoroso, isto tivesse parecido irrealizável, mas ela, uma

desconhecida mulher russa, irrompeu no movimento Espírita que então

comovia tão profundamente a América e em menor grau a outros países.

As mentes científicas estavam ansiosas de descobrir o significado dos

estranhos fenômenos e lhes resultava difícil encontrar o caminho no

enorme conjunto de fraudes e enganos existentes. Desde duas maneiras

tratou H. P. B. de achar uma explicação aos mesmos, ou seja: 1) pela

demonstração prática de seus próprios poderes; e 2) declarando que

existia um antiquísimo conhecimento das mais profundas leis da vida,

estudado e preservado por aqueles que podiam usá-lo com segurança e

para realizar o bem, seres que em suas mais altas filas recebiam a

denominação de “Professores”, embora também outros títulos eram usados

por Eles, como ser Adeptos, Chohans, Irmãos Maiores, a Hierarquia

Oculta, etcétera.

Para substanciar suas declarações, H. P. B. escreveu Isis Unveiled

(Isis sem Véu), em 1877, e The Secret Doctrine (A Doutrina Secreta),

em 1888, obras ambas transmitidas a ela pelos Professores. No Isis

Unveiled arrojou valorosamente o peso da evidência recolhimento por

ela nas escrituras do mundo e outros registros, nos aspectos relativos

à ortodoxia religiosa, o materialismo científico, as crenças cegas, o

cepticismo e a ignorância. Ela tropeçou com a injúria, mas o

pensamento do mundo foi afetado e iluminado.

Quando H. P. B. foi “enviada” aos Estados Unidos, uma de suas tarefas

mais importantes foi constituir uma Sociedade, a qual foi denominada

durante sua formação THE THEOSOPHICAL SOCIETY (Sociedade Teosófica) e

tinha por objeto “recolher e difundir o conhecimento das leis que

governam o Universo” . A Sociedade convidava a fraternal cooperação de

todos os que pudessem compreender a importância de seu campo de ação e

tivessem simpatia pelos objetivos para os quais tinha sido organizada”

. Esta “cooperação fraternal” chegou a converter-se no primeiro dos

Três Propósitos do trabalho desenvolvido pela Sociedade, os que por

muitos anos foram enunciados como segue:



Primeiro: Formar o núcleo de uma Fraternidade Universal da Humanidade, sem

distinção de raça, crença, sexo, casta ou cor.

Segundo: Fomentar o estudo comparativo da Religião, a Filosofia e a Ciência.

Terceiro: Investigar as leis inexplicáveis da Natureza e os poderes latentes

latentes no homem.



Encomendou ao Madame Blavatsky persuadisse ao Coronel Henry Steel

Olcott para que cooperasse com ela no concernente à formação da

Sociedade. Ele era um homem altamente apreciado e muito conhecido na

vida pública da América, e tanto ele como H. P. B. sacrificaram tudo

com o fim de desenvolver a tarefa que os Professores lhes tinham

crédulo.

Eles foram à a Índia em 1879 e ali estabeleceram os primeiros

fundamentos firmes de seu trabalho. A Sociedade se expandiu

rapidamente de país em país, fortemente apoiada pelos homens e

mulheres para quem tinha resultado convincentes sua afirmação de

serviço à humanidade, a amplitude de sua plataforma, a claridade e

lógica de sua filosofia e a inspiração de seu guia espiritual. H. P.

B. foi investida pelos Professores com a responsabilidade de repartir

a Doutrina Secreta ou teosofía ao mundo - ela foi a suprema

instrutora; e ao Coronel Olcott foi delegada a terea de organizar a

Sociedade, o que realizou com notável êxito. É obvio estes pioneiros

acharam oposição e incompreensão, especialmente H. P. B., mas ela

estava preparada para qualquer sacrifício. Assim ela tinha escrito no

Prefácio de LA DOUTRINA SECRETA: “Estou acostumada às injúrias,

acho-me em relação diária com a calúnia, e ante a maledicência me

sorrio com silencioso desdém”.

O período mais efetivo e brilhante da vida do H. P. B. foi

possivelmente o que aconteceu a Inglaterra entre 1887 e 1891. Já

tinham passado em parte os efeitos causados pelo injusto Relatório da

“Society for Psychical Research” do ano 1885, a respeito dos fenômenos

que ela produzia, como deste modo os dos ataques dos missionários

cristãos da Índia. A sua incessante tarefa de escrever, editar e

atender a correspondência, adicionava-se a tarefa de instruir a seus

discípulos para capacitá-los no prosseguimento de sua obra. A este fim

ela organizou, com a aprovação oficial do Presidente (o Coronel

Olcott), a Seção Esotérica da Sociedade Teosófica. No ano 1890 mais de

um milhar de membros de muitos países se encontravam sob sua direção.

A DOUTRINA SECRETA se define por si mesmo através de seu título, e

“não expõe a Doutrina Secreta em sua totalidade, a não ser um número

selecionado de fragmentos de seus princípios fundamentais”. 1) Ela

indica: que pode obter uma percepção das verdades universais através

da comparação da Cosmogénesis dos antigos; 2) proporciona uma guia

para revelar a verdadeira história racial da humanidade; 3) levanta o

véu da alegoria e do simbolismo para revelar a beleza da Verdade; 4)

apresenta ao intelecto ofegante, à intuição e à percepção espiritual,

os “secretos” cientistas do Universo para sua compreensão. Eles seguem

sendo secretos até tão não sejam comprovados.

H. P. B. faleceu em 8 de maio de 1891 e deixou à posteridade o grande

legado de alguns dos mais elevados pensamentos jamais apresentados ao

mundo. Ela abriu as portanto tempo fechadas leva dos Mistérios,

revelou uma vez mais a verdade sobre o Homem e a Natureza e deu

testemunho da presença sobre a terra da Hierarquia Oculta que guarda e

guia ao mundo. Ela é reverenciada por muitos milhares, porque ela foi

e é um farol que ilumina o caminho às alturas às quais todos devem

ascender.





JOSEPHINE RANSOM

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

VIDA E OBRA DE JEAN DESAGULIERS ( 1683 - 1744 )



Vida e Obra de Jean Theophile Desaguliers (1683-1744)

Autor : Venerável Ir. William Almeida de Carvalho 33

I – Introdução

Visa-se aqui dar uma idéia acerca da vida e da obra de Jean Théophile Desaguliers, mais conhecido na Inglaterra como John Theophilus. Desaguliers ocupa uma posição impar quando da fundação da Grande Loja de Londres, por não se identificar com alguns nobres empoados de então nem com os supersticiosos maçons plebeus dos primórdios que confundiam superstição com esoterismo e misticismo, fato tão comum no Brasil de hoje.



Desaguliers, além de possuir uma sólida formação científica, como se verá a seguir, era um homem também pragmático, preocupado em resolver os problemas concretos de seu tempo, extrapolando na preocupação com questões metafísicas. Homem de escol, é considerado um dos Pais Fundadores da moderna maçonaria.







II – A Saga Huguenote de La Rochelle



O nosso personagem é proveniente de uma família huguenote. Como se sabe, huguenotes são protestantes franceses que se desenvolveram durante a Reforma do século XVI. Sofreram penosas perseguições já que a fé que os guiava, durante muitos anos, esteve baseada nas idéias de Calvino. Esses protestantes fundaram em 1559 uma igreja na França que grassou como um rastilho de pólvora. Emergiram vitoriosos sobre as forças católicas durante as Guerras Religiosas (1562-98) e, pelo Edito de Nantes, receberam uma certa liberdade religiosa e política.



Desaguliers nasceu em 12 de março de 1683 em Aytré, um subúrbio de La Rochelle na França. Era filho do pastor huguenote Jean Desaguliers da comunidade protestante de La Rochelle.



Os huguenotes franceses viviam por esta época momentos difíceis. Desde o começo do século XVI, La Rochelle era uma cidade muito próspera que lucrava com o comércio, principalmente com o da América. Tornou-se um centro calvinista extremamente ativo. Em 1571, houve um importante sínodo protestante que adotou, sobre a inspiração de Théodore de Bèze, a Confissão de La Rochelle. Em 1573, Henrique III, ainda como duque de Anjou, cercou a cidade por mais de seis meses. Os protestantes franceses formavam então um formidável grupo de pressão econômica, política e militar, sustentados pelos ingleses, alemães, holandeses e genebrinos. Não eram camponeses, mas sim citadinos nobres e burgueses.



Na segunda metade do século XVI, os ataques católicos aos protestantes fazem-se cada vez mais virulentos, culminando com o massacre de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, no qual foram mortos mais de 30.000 pessoas. Os católicos franceses, reagrupados no partido da Santa Liga, entre 1576 e 1584, não cessaram de fustigar os protestantes e os reis considerados muito hesitantes. Na esperança de legalizar na França a existência de uma igreja reformada e de apaziguar os ânimos, o rei Henrique IV (1553-1610), soberano então protestante, convertido ao catolicismo uma semana antes do massacre de São Bartolomeu e reconvertido ao protestantismo em 1576, assina em 13 de abril o Edito de Nantes.



O Edito de Nanates concedia aos protestantes concessões consideráveis, notadamente a liberdade de consciência; a liberdade de culto nos domicílios senhoriais, em todas as cidades onde o culto reformado existisse de fato; uma anistia geral para todos os “crimes” cometidos no passado e a outorga de 150 lugares de refúgio, 66 cidades ou castelos onde a guarnição era mantida pelo rei. São exemplos significativos as cidades de Montauban e La Rochelle que pertenciam então aos protestantes desde a primeira guerra de religião de 1562. La Rochelle tornou-se a mais forte praça de guerra cedida aos protestantes pelo Edito de Nantes.



O Edito de Nantes era mais uma constituição que um edito, pois, efetivamente, era a constituição político-religiosa de uma minoria tornada independente dentro do país, ou seja, um Estado dentro do Estado. Tal situação não iria durar muito, já que os ódios represados logo explodiriam. Em 1627, o cardeal Richelieu, a propósito do pacto entre La Rochelle e a Inglaterra, que já declarara guerra à França, iniciou a destruição daquela praça de guerra protestante em solo francês. O cardeal conduziu pessoalmente o cerco à cidade rebelde, construindo em terra firme, 12 km de linhas contínuas de fortificações e, no mar, a construção de um dique destinado a impedir a chegada de suprimentos aos sitiados pela frota inglesa. Os rochelenses, comandados pelo almirante Jean Guitton, prefeito da cidade, resistiram durante quinze meses até que a fome forçou-os à rendição em 28 de outubro de 1628. As fortificações da cidade foram arrasadas e as franquias municipais suprimidas. A partir de então, La Rochelle entrou em declínio sensível.



Luiz XIV, persuadido pelo fato de que os protestantes, desde então, haviam desaparecido do solo francês, seja pela fuga, pela conversão ou pelo massacre, resolveu abolir o Edito de Nantes pela sua inutilidade e falta de objetivo. Pensou ter criado, assim, a ferro e fogo, a unidade religiosa do país. Em 18 de outubro de 1685, outorgou o edito de Fontainebleau que revogou o Edito de Nantes. Por tal edito, os protestantes perderam “ipso facto” toda liberdade de culto e toda garantia de segurança, ou seja, seriam extirpado, seu “status” legal. Tornaram-se, portanto, foras-da-lei; suas propriedades foram confiscadas e privados de todos os seus direitos pessoais. A guerra civil irrompeu como guerra clandestina, com a fuga para os países protestantes de centenas de clérigos, que se auto-exilaram, pois foi-lhes dado um prazo de 14 dias para deixar a França, caso contrário sofreriam a pena de morte. Suas igrejas destruídas, foram deixadas em ruínas. Tiveram, por conseguinte, que abandonar ex abrupto não somente seus bens, também de seus filhos, sendo-lhes proibido levá-los para fora da França, para que se se reeducassem na fé romana. Mais de 400.000 huguenotes se refugiaram, principalmente na Holanda e na Prússia, países que se gratificaram em receber tais recursos humanos estratégicos, em sua imensa maioria, comerciantes, empresários e letrados. A América inglesa recebeu também um contigente respeitável de tais quadros que desfalcaram a elite francesa.







III – O Exílio Londrino e a Vida Acadêmica



O pai do nosso Desaguliers, o pastor Jean foge para Guernsey por causa da Revogação, levando consigo o pequeno Jean Théophile, com dois anos, escondido dentro de um tonel. Nove anos depois se estabeleceram em Londres. Convém aqui especular sobre como tais fatos trágicos, vividos pelos huguenotes e pela família Desaguliers em particular, marcaram a mente do nosso personagem, influenciando-o na busca da paz e da fraternidade e na sede por conhecimento científico e tecnológico que o perseguiram durante toda sua vida. Nunca confundiu esoterismo com superstição, como é tão comum no Brasil.



Instalado em Londres, Jean Desaguliers pai integrou-se rapidamente ao clero anglicano e tornou-se pastor numa igreja na Swallow Street (rua da Andorinha), templo favorito dos imigrados franceses. Criou, concomitantemente, uma escola em Islington, freqüentada pelos filhos de outros refugiados, dentre eles vários nobres. Seria aí, que o jovem Jean Théophile, educado pelo seu pai até os 16 anos, matriculou-se e recebeu um estudo de elite que o tornou apto a ingressar na mais prestigiosa universidade inglesa: o Christ Church de Oxford. Ali estudou com o Dr. John Keill, professor de astronomia já célebre pelas suas teorias de filosofia experimental, premissas das ciências modernas, e autor de duas obras: uma Introductio ad veram physicam seu lectiones physicae habitae in schola naturalis philosophiae Academia Oxoniensis (Uma Introdução à Filosofia Natural ou Conferências Filosóficas lidas na Universidade de Oxford) e uma Introductio ad veram astronomiam seu lectiones astronomicae habitae in schola astronomiae Academia Oxoniensis (Uma Introdução à verdadeira astronomia ou Conferências de Astronomia lidas na Escola de Astronomia da Universidade de Oxford).



Jean T. Desaguliers bacharelou-se em 1709 e recebeu o diaconado do bispo de Londres em 7 de junho de 1710. Neste mesmo ano, diplomou-se, tendo, em seguida, obtido um mestrado em filosofia e letras em 1712, sucedendo ao Dr. Keill na cadeira de filosofia experimental no Hert Hall de Oxford. Neste meio tempo, em Shadwell, casou-se com Joanna, a filha de William Pudsley e um ano mais tarde mudou-se para Westminster onde se tornou o primeiro mestre de conferências em ciências. Vem desta época a sua amizade com Sir Isaac Newton (1642-1727) que se tornou o padrinho de um de seus dois filhos. Em 16 de março de 1718 obtém o título de Doutor em Direito Civil por Oxford, tendo, antes, recebido as ordens sacerdotais em 8 de dezembro de 1717 do bispo de Ely, sendo presenteado, pelo Lorde Chanceler, com a cúria de Bridgeham no Norfolk, que dirigiu até março de 1726 quando a trocou para viver em Little Warley no Essex.



No século XVIII, não era usual para um clérigo operar em dois lugares simultâneamente. Assim, em 28 de agosto de 1719, tornou-se capelão do duque de Chandos que lhe ofereceu a paróquia de Whitchurch no Middlesex. Nesse ínterim, conservou sua residência em Londres onde deu aulas até a sua morte em 1744.



Paralelamente às suas pesquisas em física, traduziu para o inglês uma obra de Nicolas Gauger intitulada Mécanique du feu que trata da concepção e da construção das chaminés. Tal obra teve como título em inglês: Treatise on the Construction of Chimneys, publicada em 1716. Tornou-se também um especialista em ventilação, chegando mesmo a superintender a construção de um sistema de ventilação na Casa dos Comuns. Neste mesmo ano publica seus estudos de física experimental sob o título de Lectures of Experimental Philosophy (Lições de Filosofia Experimental) reeditadas posteriormente em 1719. Vêm, desta época, seus estudos sobre a máquina a vapor: aplicou a válvula de segurança, inventada pelo huguenote Dennis Papin, que tinha estudado em Paris com o holandês Christiann Huygens, à máquina inventada pelo mecânico inglês Thomas Savery que utilizava a tensão do vapor d’água como força motriz para bombear água nas minas de carvão. Tal máquina foi melhorada por James Watt tornando-se a primeira máquina a vapor, fator propulsor da Revolução Industrial. Releva-se aqui que Desaguliers não só participou ativamente da corrente científica do seu tempo mas também comungou da idéia de que a tecnologia deveria servir à humanidade, libertando-a do trabalho braçal escravizante.



Sua crescente reputação de sábio facultou-lhe o ingresso em diversas sociedades científicas. Em 29 de julho de 1714, ingressou como Membro, na Royal Society de Londres, fundada em 1660, chegando mesmo a se tornar Demonstrador e Curador da referida Sociedade. Participou também da Gentlemen’s Society em Spalding no Lincolnshire em 1724, uma sociedade literária e de antiquários. Era ainda Membro Correspondente da Academia Francesa de Ciências. Desaguliers consagrou-se, então com Newton, do qual se tornou assistente, a diversas pesquisas no terreno da física experimental, notadamente aquela que consistiu em se deixar cair do topo da Catedral de São Paulo, globos de vidro a uma altura de 105,72 m, fato que lhe permitiu escrever um artigo intitulado: “An Account of some experiments made in the 27th. Day of April, 1719, to find how much the resistence of the air retards falling bodies” (Relatório sobre diversas experiências tentadas no dia 27 de abril de 1719 com o propósito de avaliar em que medida a resistência do ar retarda a queda dos corpos), publicado nos Philosophical Transactions da Royal Society. Desaguliers ajudou ainda Isaac Newton, na redação dos Corrigenda e dos Addenda, acrescida por ele ao Livro I de seus Philosophiae naturalis principia mathematica (Princípios matemáticos de filosofia natural) já editados em 1687.



De 1730 a 1732, viajou freqüentemente aos Países-Baixos, dando inúmeras conferências pagas a 30 shillings por cabeça, um preço alto para a época. Retornando à Inglaterra entre 1733-1734, uma controvérsia o opõe a Jacques Cassini, considerado o inventor da cartografia topográfica e diretor do Observatório de Paris, sobre o maior problema científico do século XVIII: a determinação da longitude. Como se sabe, a determinação da latitude nunca foi problema desde priscas eras, mas a longitude só foi resolvida no século XVIII por um relojoeiro, contra todos os pareceres dos cartógrafos e astrônomos da época, conforme bem elucidado no opúsculo sobre a matéria de Dava Sobel. O Brasil possui esta dimensão continental pela incapacidade dos nossos antepassados coloniais em determinar com precisão a longitude, fossem eles espanhóis ou portugueses. Cassini sustentava que a determinação do meridiano de Paris poderia ser encontrada, traçando-se uma perpendicular indo de Saint-Malo a Estrasburgo. Tudo isto estava no contexto da polêmica opositora entre os membros da Real Sociedade, conjuntamente aos integrantes do Observatório de Greenwich, fundado em 1675, contra os membros da Academia Real de Ciências de Paris, criada em 1666 e os do Observatório de Paris, fundado em 1667, sobre o melhor meio de determinar-se o exato comprimento e a localização dos arcos do meridiano, dados vitais para a navegação da época.



Desaguliers publicou em seguida, diversas obras: em 1734, A Course of Experimental Philosophy (Curso de Filosofia Experimental) em dois volumes e, em 1735, uma edição dos Elements of Catoptrics and Dioptrics (Elementos de Catóptrica e Dióptrica) de David Gregory. Por último, traduz do latim para o inglês, os Mathematical Elements of Natural Philosophy (Elementos Matemáticos de Filosofia Natural) de Gravesandes. Em 1742, recebeu a Medalha de Ouro Copley da Real Sociedade em reconhecimento pelos seus diversos experimentos científicos e tecnológicos, e sua Dissertation of Electricity, publicada no mesmo ano, ganhou o prêmio da Academia de Bordéus. Seu profundo conhecimento científico, apoiado numa intensa mente pragmática, tornou-o, também, um inventor e um consultor de engenharia em diversos projetos. Tanto assim, que deu consultoria em questões de engenharia na reconstrução da ponte de Westminster nos anos que se seguiram a 1738.



Em todos os debates, Desaguliers mostrou-se provido de um grande talento para a vulgarização científica, falando das coisas mais complexas em termos simples e compreensíveis, tanto para os especialistas como para os leigos.



Desaguliers tornou-se mais conhecido pela sua contribuição à evolução da ciência do que por suas obras religiosas como ministro do culto. Sua obra religiosa reduziu-se à publicação de um sermão sobre o arrependimento. Se sua obra religiosa era o ponto fraco de sua vida intelectual, o mesmo não se pode dizer de sua produção, tanto universitária onde mereceu, como vimos, o respeito e a amizade dos homens de ciências e dos grandes de seu tempo, como maçônica, onde se distinguiu de maneira ainda mais marcante.







IV – A Vida Maçônica



A data de Iniciação de Desaguliers não pode ser precisada[1], mas deve-se situar antes da primeira assembléia da Grande Loja da Inglaterra em 24 de junho de 1717. Como é notório, este dia inicia o período obediencial, sendo um marco relevante na história da maçonaria universal. Pode-se afirmar, contudo, que Desaguliers foi, conjuntamente a Anderson, membro da Loja Nº 2 que se reunia na Taverna Horn. Existem registros de que teria sido também Venerável da French Lodge do Templo de Salomão em Hemmings Row. Aparece também como Venerável da Lodge of Antiquity, então Loja Nº 1, em 1723. Em 1731, na Lista das Lojas, aparece tanto como membro da Loja Bear & Harrow (atualmente Loja São Jorge & Corner Stone nº 5) quanto como integrante da Loja University nº 74 que abateu colunas em 1736.



Desaguliers apresentou sua candidatura ao grão-mestrado em 1717, mas somente foi eleito para este posto em 24 de junho de 1719 numa loja reunida na Taberna do Ganso e da Grelha, conforme foi descrito por Anderson na segunda edição (1738) de suas Constituições[2]. É o terceiro grão-mestre da ordem e o último plebeu a ocupar tal posição. Após a administração de Desaguliers, a função de Grão-Mestre torna-se apanágio de membros da família real inglesa ou da nobreza, apresentando-se, desde então, como essencialmente honorífica. Vale aqui recordar a cronologia da sucessão do grão-mestrado: i) Anthony Sayer (1717-1718), ii) George Payne (1718-1719), iii) o nosso Desaguliers (1719-1720), iv) a reeleição de George Payne (1720-1721), v) o primeiro nobre: John, duque de Montangu (1721-1722) e vi) Philip, duque de Wharton, um nobre lascivo cuja biografia os nossos Irmãos ingleses comentam pouco. Quando aqui chegarem informações acerca da sua notória participação no Hells Fire Club, escandalizar-se-ão 98% dos maçons brasileiros. Os ingleses morrem de vergonha da atuação do duque de Wharton e escondem com unhas e dentes as informações sobre o Hells Fire Club. Como o referido duque de Wharton era um doidivanas, seria tarefa do grão-mestre adjunto dirigir os trabalhos da ordem e o nosso Desaguliers, ainda bem, foi nomeado três vezes para tal posto: em 1722, pelo femeeiro Wharton; em 1724, pelo conde de Dalkeith; e em 1725, por Lorde Paisley.



Os maçons ingleses daquele tempo eram como os brasileiros de hoje: demonstravam pouco apreço para com os documentos e arquivos da ordem. Deve-se a Desaguliers a conservação, depois de 1723, da maior parte dos documentos históricos da obediência, notadamente as atas das reuniões dos primórdios da ordem. Ainda como campeão da ordem, da regularidade e do protocolo, introduziu inúmeras regras concernentes aos seguintes aspectos: traje maçônico, alfaias, jóias, festas na ordem, hierarquia dos brindes nos banquetes e outros costumes que vieram a fazer parte integrante da nova maçonaria especulativa que estava em gestação. Sob sua administração, numerosos antigos discípulos, que tinham negligenciado seus deveres maçônicos, retomaram seus trabalhos em loja e muitos nobres são iniciados. Importante é salientar que, no período em que Desaguliers exerceu o grão-mestrado, seja como titular ou adjunto, vários irmãos eram também membros da Real Sociedade, ou seja eram homens de escol não só pela sua posição social como também pela intelectual.



Desaguliers sentiu na própria pele o significado da intolerância, pautou, pois, a sua atuação na ordem então nascente para direcioná-la no sentido da tolerância e da fraternidade universais. Criou assim a caixa de auxílio mútuo maçônico e os fundos de beneficência da Grande Loja da Inglaterra. A idéia de tolerância, cuja primeira definição sistematizada se encontra no Tratado Teológico-político (1670) de Spinoza, funda a noção de igualdade entre indivíduos no seio de uma sociedade pluralista sobre o plano religioso. Foi, mais tarde, estendida por John Locke que, nas suas Cartas sobre a Tolerância e sobretudo no Segundo Tratado sobre o Governo, propõe o sistema parlamentar representativo de governo como meio de barrar o arbítrio do poder do Príncipe, outorgando direitos aos indivíduos, legitimando assim a consecução dos interesses individuais. Antes de Locke na Inglaterra, quando um grupo político-dinástico vencia outro, matava, exilava, confiscava os bens dos adversários, numa selvageria digna de uma cubata africana. A elite inglesa tomou consciência de que tal procedimento político gerava insegurança, transformando o mundo político numa arena hobbesiana (a luta de todos contra todos) extremamente instável e perigosa. Locke então propõe carrear todo o conflito político para um caldeirão, chamado parlamento, onde os que detivessem a maioria, formariam o governo e os minoritários cuidariam da oposição. Com o correr do tempo, o governo sofreria a erosão natural do poder, cabendo a vez à oposição formar o novo governo. Ao invés da morte e do confisco dos bens, haveria a queda do gabinete, favorecendo assim a rotação de elites no poder. Mecanismo institucional muito mais civilizado e inteligente do que resolver o conflito político na base da peixeira na barriga do oponente.



Após 1723, Desaguliers ajuda Anderson a redigir as famosas Constituições que se tornaram o farol básico da maçonaria simbólica. Anderson faz uma síntese dos antigos deveres misturando-os com outros tirados das diversas tradições, especialmente os documentos góticos, queimando o resto, fato que escandalizou as velhas lojas-mães de Londres, York e Westminster. As Constituições de Anderson de 1723 é o divisor de águas entre os maçons operativos e especulativos. No mesmo ano, sobre a inspiração de Desaguliers, a Bíblia, qualificada daí por diante, de Livro da Lei, substitui as Antigas Obrigações sobre as quais os juramentos eram prestados. É ainda atribuído a Desaguliers, a redação do livro Charges of a Free-Mason (Obrigações de um Maçom) e que tem permanecido substancialmente o mesmo desde a edição de 1723.



No ofício de grão-mestre adjunto, Desaguliers contribui ativamente para a redação dos primeiros rituais. Introduziu nestes a idéia de que os maçons operativos faziam do trabalho: como um ato nobre, um dom de Deus, e não, como se pensava até então, como uma maldição, um castigo devido à expulsão do paraíso, como está no Gêneses (4:17-19). Por falar em Deus, a expressão GADU, apesar de ter sido introduzida por Anderson, tem também o dedo de Desaguliers, pois o referido conceito – GADU – facilita a introdução do deísmo na maçonaria nascente, substituindo o teísmo católico, tão bem professado pelos maçons operativos, reforçando assim o anglicanismo que era um pouco mais aberto à tolerância do que a religião de Roma. Convém ainda salientar que o deísmo é mais professado entre os cientistas crentes do que o teísmo, o Deus de Leibniz, de Spinoza, de Einstein, dos cientistas enfim, não é o mesmo Deus de Abraão, Isaac e Jacó. E Desaguliers como cientista...



A partir de 1670, muitos rabinos de origem polonesa estabeleceram-se em Londres e Desaguliers manteve contato com eles ou com seus sucessores para que se juntassem à então maçonaria nascente. No dizer de Robert Ambelain[3], foi devido a esses rabinos que Desaguliers hauriu a história de um novo personagem maçônico: o mito de Hiram. Inspirados pela cabala prática, ou seja, pela magia, a história de um novo personagem - Hiram – arquiteto do templo de Salomão adentra ao ritual maçônico do terceiro grau[4]. Hiram acossado por três maus companheiros que desejavam roubar seus segredos, é morto, enterrado, encontrado e depois ressuscitado. A interpretação simbólica desta morte em loja, aplicada ao sentido moral e espiritual, enquanto o candidato toma o lugar de Hiram, faz definitivamente a ordem sair do domínio operativo e ingressar compulsoriamente no domínio especulativo. Este ritual, oposto ao ensino bíblico e à interdição de tocar os cadáveres, extremamente surpreendente para os maçons do século XVIII, encontra de fato sua justificação pela envergadura do espírito de Desaguliers, que desejava assim legar à maçonaria uma dimensão que ultrapassasse um cristianismo tacanho e etnocêntrico da sua época. É preciso ver aqui um símbolo: as profundas mudanças que Desaguliers aporta ao relato da cabala dão a este ritual uma profundidade que supera a tristeza e o macabro. Desde então, para os maçons, a morte não é mais um fim terrível, mas somente uma passagem, e a iniciação, que é de fato este ritual de passagem, termina necessariamente por uma regenerescência do indivíduo. Por este ritual, Desaguliers oferece aos maçons que se iniciam, uma mensagem de esperança: pela força do trabalho e da virtude, o maçom ganha sua própria purificação.



Desaguliers sempre foi um viajor contumaz. Convidado a ir à Escócia como homem de ciências e engenheiro, aproveita a ocasião para explicar o novo ritual simbólico aos membros da Loja St. Mary’s Chapel. Faz uma demonstração prática iniciando o lorde prefeito de Edimburgo e todos os membros do seu conselho. A maçonaria escocesa, então operativa, ansiava por tornar-se verdadeiramente especulativa nesta ocasião. De volta à Inglaterra em 1726, inicia a Lorde Kingsdale na loja que se reunia no Swan & Rummer, na presença do Grão-Mestre, conde de Inchquin. Em 1731, viajando pelos Países Baixos, preside, como Venerável Mestre de uma Loja de Ocasião, nos salões do embaixador inglês na Haia - Lorde Philip Chesterfield – uma sessão no curso da qual inicia Francisco, duque de Lorena, futuro duque de Toscana, imperador do Santo Império Germânico e esposo de Maria Teresa, imperatriz da Áustria. Pode-se afirmar que o nosso personagem introduziu a maçonaria nos Países Baixos. Voltando, em seguida à Inglaterra, é julgado o mais apto a iniciar o príncipe de Gales - Frederik Lewis[5] - tendo sido o primeiro de uma longa linhagem de príncipes da Casa Real de Hanover que se tornaram maçons - e o faz, no curso de uma sessão organizada no Palácio de Kew em 1732. Ainda sobre sua estreita relação com a realeza, foi nomeado Capelão para o mesmo príncipe de Gales, dava conferências para a família do rei George II e era um dos favoritos da rainha Carolina. Entre 1734 e 36, voltamos a encontrá-lo em Paris, onde pronunciou diversas conferências científicas, sempre ao lado de lorde Chesterfield. Inicia, na loja De Bussy, a Luiz Phélipeaux, conde de Saint-Florentin e duque de Lavrillière. Ajuda a fundar, ainda em Paris em 1735, a famosa loja Louis d’Argent. Em 1738 foi nomeado capelão do Regimento de Dragões Bowles.



Desaguliers, como muito outros homens, tinha uma dupla personalidade. Reservado e austero em público, ele se transformava no interior das reuniões maçônicas. No interior de uma loja, quando as portas ficavam bem guardadas, liberava seu espírito, tornava-se gozador, cantarolava com vivacidade os hinos maçônicos e, até mesmo, apreciava uma alegre libação que muitas vezes, acentuava a sua famosa gota, forçando-o a andar de bengala. Dizia-se mesmo que despendia bastante dinheiro nas suas mini-farras com os irmãos, o que provavelmente era verdadeiro, pois viajava muito, como vimos acima, e suas numerosas atividades deviam render-lhe somas apreciáveis.



As atas da Grande Loja demonstram cabalmente que até quase o final de sua vida participou ativamente das suas deliberações. Sua última presença em loja ocorreu em 8 de fevereiro de 1742. Faleceu em 29 de fevereiro de 1744, com 61 anos e está enterrado na Capela Real do célebre Hotel Savoy de Londres. Seu filho primogênito, Alexander, tornou-se, como ele, ministro do culto. Thomas, seu segundo filho, seguiu a carreira militar, chegando ao posto de coronel, além de ser escudeiro do rei George III da Inglaterra. Atualmente contam-se como seus descendentes os troncos dos Cartwrights e dos Shuttleworths.



Feller, autor de uma Biografia Universal, declara que os últimos dias de Desaguliers foram passados na tristeza e na miséria; teria perdido a razão e se fantasiava, algumas vezes, de arlequim e palhaço. Cawthorn, num poema intitulado The Vanity of Human Enjoyments (Vaidade das Humanas Alegrias), afirma que Desaguliers estava quase indigente no momento de seu passamento



Albert Mackey sustenta, pelo contrário, que estas descrições apócrifas da morte de Desaguliers são francamente exageradas. Nichols, autor das Literary Anecdotes (Anedotas Literárias), que conhecia Desaguliers pessoalmente, traça-lhe um retrato mais lisonjeiro, declarando, no volume nono de sua obra, que ele morreu no Bedford Coffee House e foi enterrado no Savoy.







V - Conclusão



Não importam tanto estes fatos finais. O que está gravado no mármore da história é que Jean Théophile Desaguliers, doutor em direito, cientista, tecnólogo, ministro do culto e membro da Sociedade Real, a par de seus conhecimentos, de sua situação social, de sua forte personalidade e de suas contribuições ao espírito e às estruturas da maçonaria, enriqueceu tanto esta instituição que carreou para ela um número crescente de pessoas de estatura intelectual e social semelhantes às suas. Apesar de sofrer de forte miopia foi um dos mais argutos maçons de sua época. Sob sua liderança intelectual, a então nascente Grande Loja da Inglaterra se espalhou para todo o mundo, tornando a maçonaria uma das maiores instituições universais e, no acertado dizer de Mackey, fez de Desaguliers o Pai da Maçonaria Especulativa Moderna.







VI - Bibliografia







- ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, 30 vols., University of Chicago, USA, 1982.



- Jean Théophile Desaguliers, trabalho da Loja Jean-Théophile-Desaguliers nº 138, filiada à Grande Loja do Quebec, Canadá.



- MACKEY, Albert G., Encyclopedia of Freemasonry, vols. I e II, Kessinger Reprints, Kessinger Publishing, LLC, Kila, MT, USA, s/d.



- NEWTON, Edward, Brethren Who Made Masonic History, The Prestonian Lecture for 1965, in The Collected Prestonian Lectures, vol. II, 1961-1974, Lewis Masonic, London, 1983, pg. 46.



- SINGH, Simon, O Último Teorema de Fermat (A História do Enigma que Confundiu as Maiores Mentes do Mundo Durante 358 Anos), ed. Record, Rio de Janeiro, 1998.



- SOBEL, Dava, Longitude – A Verdadeira História de um Gênio Solitário que Resolveu o Maior Problema Científico do Século XVIII, Ediouro, Rio de Janeiro, 1996.



- STOKES, John, Life of John Theophilus Desaguliers, in Ars Quatuor Coronatorum, vol. 38, Anais da Quatuor Coronati Lodge Nº 2076, London, 1925, p. 285.





[1] Alguns autores afirmam que teria sido iniciado em 1712, mas inexistem provas documentais.



[2] ASSEMBLY and Feast at the Said Place, 24 June 1719, Brother Payne having gather’d the Votes, after dinner proclaim’d aloud our Reverend Brother John Theophilus Desaguliers, LLD, FRS, Grand Master of Masons, and being duly invested, install’d, congratulated and homaged, forthwith reviv’d the old regular and peculiar Toasts or Healths of the Free Masons. Now several old Brothers, that had neglected the Craft, visited the Lodges; some Noblemen were made Brothers, and more new Lodges were constituted. In Lamoine, Georges, Les Constitutions d’Anderson, GLNF, Grande Loge de la Province d’Occitanie, ed. SNES, Toulouse, 1995, pg. 188.



[3] Ambelain, Roberto, La Franc-Maçonnerie Oubliée 1352-1688-1720, Ed. Robert Laffond, Paris, 1985, pp. 119-120.



[4] Desnecessário assinalar que na primeira edição das Constituições de Anderson em 1723 não se fazia menção ao grau de mestre, somente na segunda edição de 1738 é que se menciona explicitamente o terceiro grau.



[5] Pai de George III, rei da Inglaterra.

PESQUISAR ESTE BLOG