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segunda-feira, 29 de março de 2010

O Futuro do Cristianismo

O Futuro do Cristianismo


Uma Carta Aberta ao Arcebispo de Cantuária

Helena P. Blavatsky





Nota dos Editores:



Durante séculos, o Vaticano promoveu a tortura e a morte no fogo de

centenas de milhares de pessoas inocentes. A desculpa era “Lúcifer”,

o inimigo imaginário de um deus medieval sedento de sangue. A palavra

“Lúcifer”, porém, é muito anterior ao cristianismo e significa “portador

da luz”. O termo designa o planeta Vênus, a “estrela da manhã”,

que anuncia o nascer do sol. A palavra foi distorcida pelos teólogos

medievais, quando eles decidiram fabricar um “inimigo terrível”

para justificar o uso sistemático do assassinato em nome de Deus.

Em Londres, na etapa final da sua vida, Helena P. Blavatsky fundou

uma revista e chamou-a de “Lúcifer”. H.P.B. queria resgatar da fraude

teológica este termo pré-cristão da sabedoria universal. Foi em “Lúcifer”,

na edição de dezembro de 1887, que apareceu pela primeira vez o artigo

a seguir, uma carta aberta ao Arcebispo de Cantuária. Seu título original é

“Lucifer to the Archbishop of Canterbury, Greeting!” (“Saudações de

Lúcifer ao Arcebispo de Cantuária!”). A cidade de Cantuária (em inglês,

Canterbury) está situada no sudeste da Inglaterra e constitui o principal

centro religioso do país. Ali vive tradicionalmente o arcebispo que lidera

a Igreja Anglicana. Cabe registrar ainda que a Sociedade Teosófica

original não existe mais. Ela deu lugar a um movimento amplo e marcado

pela diversidade de organizações. Portanto, no texto a seguir,

onde se lê “Sociedade Teosófica”, deve-se ler “Movimento Teosófico”.


Senhor Primaz de toda a Inglaterra,

Fazemos uso de uma carta aberta a Sua Graça para transmitir a você e para fazer chegar através de você aos membros do clero, às suas ovelhas e a todos os cristãos em geral – que nos consideram como inimigos de Cristo – uma breve descrição da posição da teosofia em relação ao cristianismo, pois pensamos que chegou o momento de fazer isso.

Sua Graça é sem dúvida consciente de que a teosofia não é uma religião, mas uma filosofia ao mesmo tempo religiosa e científica; e que a principal tarefa da Sociedade Teosófica até agora tem sido fazer reviver em cada religião o seu espírito próprio que a anima, ao encorajar e ajudar o estudo do verdadeiro significado das suas doutrinas e das suas práticas. Os teosofistas sabem que quanto mais profundamente se avança na compreensão das doutrinas e das cerimônias de todas as religiões, maior e mais aparente se torna a sua semelhança básica, até que, por fim, se chega à percepção da sua unidade fundamental. Este terreno comum é a teosofia – a Doutrina Secreta de todas as épocas; que, diluída e disfarçada para se adaptar à percepção das multidões e às exigências de cada época, constitui a essência viva de todas as religiões. A Sociedade Teosófica tem lojas compostas por budistas, hindus, maometanos, parses, cristãos e livre-pensadores, que trabalham como irmãos no terreno comum da teosofia. E é precisamente porque a teosofia não é uma religião, nem pode cumprir o papel de uma religião para as multidões, que o sucesso desta Sociedade foi tão grande, não apenas em relação ao número crescente dos seus membros e à sua influência cada vez maior, mas também no que se refere à realização do seu trabalho - o resgate da espiritualidade na religião, e o cultivo do sentimento de FRATERNIDADE entre os homens.



Nós, teosofistas, cremos que a religião é um incidente natural na vida do homem, no seu estágio atual de desenvolvimento; e que embora em casos raros os indivíduos possam nascer sem o sentimento religioso, uma comunidade deve ter uma religião, isto é, um laço de união – sob pena de cair na decadência social e na aniquilação material. Acreditamos que nenhuma doutrina religiosa pode ser mais que uma tentativa de descrever - para a nossa limitada capacidade atual de compreensão e nos termos das nossas experiências terrestres - grandes verdades cósmicas e espirituais que, no estado normal de consciência, sentimos vagamente, mais do que realmente percebemos e compreendemos; e uma revelação, para que possa revelar alguma coisa, deve necessariamente adequar-se às mesmas exigências do intelecto humano.



Na nossa avaliação, portanto, nenhuma religião pode ser absolutamente verdadeira, e nenhuma pode ser absolutamente falsa. Uma religião é verdadeira na medida em que atende as necessidades espirituais, morais e intelectuais da sua época, e ajuda o desenvolvimento da humanidade nestas áreas. Ela é falsa na medida em que bloqueia este desenvolvimento e prejudica a parte espiritual, moral e intelectual da natureza do homem. E as ideias transcendentemente espirituais sobre os poderes dirigentes do universo, adotadas por um sábio do Oriente, seriam para um selvagem africano uma religião tão falsa quanto o fetichismo inferior deste selvagem seria para aquele sábio, embora os dois pontos de vista devam necessariamente ser verdadeiros, em certa medida, porque ambos representam as mais elevadas ideias que estes indivíduos podem respectivamente conceber a respeito destes fatos cósmico-espirituais. Tais fatos jamais podem ser conhecidos na sua realidade pelo homem, enquanto ele for apenas um homem.



Os teosofistas, portanto, respeitam todas as religiões e têm uma profunda admiração pela ética religiosa de Jesus. E não poderia ser de outro modo, pois estes ensinamentos que chegaram até nós são os mesmos que os da teosofia. Na medida, pois, em que o cristianismo moderno se conduz de acordo com a sua afirmação de que é a religião prática ensinada por Jesus, os teosofistas estão com ele de todo o coração. A partir do momento em que age contra esta ética, pura e simples, os teosofistas tornam-se seus opositores. Qualquer cristão pode, se quiser, comparar o Sermão da Montanha com os dogmas da sua igreja e o espírito que respira nela, e com os princípios que guiam esta civilização cristã e governam a sua própria vida; e então estará em condições de julgar por si mesmo até que ponto a religião de Jesus está presente em seu cristianismo, e até que ponto, consequentemente, ele e os teosofistas estão de acordo. Mas os cristãos declarados, e especialmente o clero, evitam fazer esta comparação. Como comerciantes que temem ir à falência, eles parecem ter receio de encontrar na sua contabilidade um saldo negativo que não poderia ser compensado contabilizando bens materiais em lugar de bens espirituais. A comparação entre os ensinamentos de Jesus e as doutrinas das igrejas foi, todavia, feita frequentemente - e muitas vezes com um grande conhecimento e uma perspicácia decisiva - tanto por aqueles que queriam abolir o cristianismo, quanto pelos que queriam reformá-lo; e o resultado total destas comparações, como Sua Graça deve saber, prova que em quase todos os pontos as doutrinas das igrejas e o modo de agir dos cristãos estão em contradição direta com os ensinamentos de Jesus.



Temos o costume de dizer aos budistas, aos maometanos, aos hindus ou aos parses: “O caminho que conduz à teosofia passa por vocês mesmos, por sua própria religião”. Dizemos isto porque as suas crenças possuem um significado profundamente filosófico e esotérico, que explica as alegorias sob as quais são apresentadas ao povo. Mas não podemos dizer a mesma coisa aos cristãos.



Os sucessores dos Apóstolos nunca registraram por escrito a doutrina secreta de Jesus - os “mistérios do reino dos céus” -, que foi dada a conhecer apenas a eles (seus apóstolos) [1]. Estes mistérios foram suprimidos, afastados, destruídos. O que nos chegou através do tempo são os preceitos, as parábolas, as alegorias e as fábulas que Jesus destinou expressamente aos espiritualmente surdos e cegos, e que deveriam ser reveladas mais tarde para o mundo, e que o cristianismo moderno ora as toma na íntegra, literalmente, ora as interpreta segundo a fantasia dos Padres da igreja secular. Em ambos os casos, elas são como flores cortadas: estão separadas da planta em que cresceram e da raiz de que esta planta tirou sua vida. Portanto, se fôssemos encorajar os cristãos, como fazemos com os fiéis de outras crenças, a estudarem por si mesmos a sua própria religião, a consequência seria não um conhecimento do significado dos seus mistérios, mas o redespertar da superstição e da intolerância medievais, acompanhado de uma formidável explosão de preces e sermões ditos apenas da boca para fora - tal como o que resultou na formação de 239 seitas protestantes, apenas na Inglaterra - ou, alternativamente, um grande aumento do ceticismo, pois o cristianismo não tem uma base esotérica conhecida pelos que o seguem. Porque mesmo você, Senhor Primaz da Inglaterra, deve estar dolorosamente consciente do fato de que não sabe absolutamente nada sobre os “mistérios do reino dos céus” ensinados por Jesus aos seus discípulos - que não seja conhecido pelo membro mais humilde e mais iletrado da sua Igreja.



Portanto, é facilmente compreensível que os teosofistas nada têm a dizer contra a política da Igreja Católica Romana de proibir, e a política das igrejas protestantes de desencorajar, qualquer investigação individual sobre o significado dos dogmas “cristãos” que seja correspondente ao estudo esotérico das outras religiões. Com as suas ideias e conhecimentos atuais, os cristãos não têm condições de empreender um exame crítico da sua fé com uma perspectiva de bons resultados. O seu efeito inevitável seria paralisar, ao invés de estimular, os sentimentos religiosos adormecidos; porque os estudos críticos da Bíblia e a mitologia comparada provaram de uma forma conclusiva - pelo menos, para aqueles que não têm interesse pessoal, espiritual ou temporal, na manutenção da ortodoxia -, que a religião cristã, tal como existe agora, é composta de cascas externas do judaísmo, com retalhos do paganismo e restos mal digeridos de gnosticismo e neoplatonismo.



Este curioso conglomerado que se formou gradualmente à volta do registro das palavras ditas por Jesus começou agora, eras mais tarde, a desintegrar-se e a desagregar-se, separando-se das jóias puras e preciosas da verdade teosófica que durante tanto tempo ele encobriu e escondeu, mas que nunca puderam ser desfiguradas ou destruídas. A teosofia não só resgata estas jóias preciosas do destino que ameaça o lixo ao qual estiveram tanto tempo misturadas. Ela também salva o próprio lixo de uma condenação completa; porque ela mostra que o resultado do exame crítico da Bíblia está longe de ser a análise última do cristianismo, uma vez que cada um dos pedaços que compõem os curiosos mosaicos das Igrejas pertenceu, em algum momento, a uma religião que tinha um significado esotérico. Só quando estes pedaços forem recolocados nos lugares que ocupavam originalmente poderá ser percebido o significado real das doutrinas do cristianismo. Para fazer tudo isto, contudo, é necessário um conhecimento da Doutrina Secreta tal como ela existe nas bases esotéricas de outras religiões; e o clero não possui este conhecimento, pois a Igreja escondeu as suas chaves, e depois as perdeu.



Sua Graça compreenderá agora por que motivo a Sociedade Teosófica tem como um dos seus três “objetivos” o estudo das religiões e filosofias orientais, que lançam esta luz sobre o sentido oculto do cristianismo; e compreenderá também, segundo esperamos, que, ao fazê-lo, não agimos como inimigos, mas como amigos da religião ensinada por Jesus – o verdadeiro cristianismo, na realidade. Porque é só através do estudo destas religiões e filosofias que os cristãos poderão chegar em algum momento à compreensão das suas próprias crenças, ou descobrir o sentido oculto das parábolas e das alegorias ditas pelo Nazareno aos paralíticos espirituais da Judeia. Ao considerá-las como fatos literais ou como fantasia, as igrejas colocaram os seus próprios ensinamentos no ridículo e fizeram com que eles fossem desprezados, levando o cristianismo a um sério perigo de um colapso completo, debilitado como ele está pelos estudos históricos críticos e pelas pesquisas mitológicas, além de ser quebrado pela marreta da ciência moderna.



Deveriam então os próprios teosofistas ser considerados pelos cristãos como seus inimigos, porque crêem que o cristianismo ortodoxo é em tudo oposto à religião de Jesus; e porque têm a coragem de dizer às igrejas que elas são traidoras do MESTRE que elas pretendem venerar e servir? Longe disso, de fato. Os teosofistas sabem que o mesmo espírito que animava as palavras de Jesus existe em estado latente no coração dos cristãos, como existe naturalmente no coração de todos os homens. A sua doutrina fundamental é a Fraternidade Humana, cuja realização última só é possibilitada por aquilo que era conhecido muito tempo antes de Jesus como “o espírito de Cristo”. Mesmo agora este espírito está potencialmente presente em todos os homens e se tornará ativo quando os seres humanos não forem mais impedidos de se compreenderem, de se apreciarem e de simpatizarem entre si pelas barreiras da luta e do ódio, erguidas pelos sacerdotes e pelos príncipes.



Sabemos que os cristãos, nas suas vidas, se elevam frequentemente acima do cristianismo. Todas as Igrejas têm numerosos homens e mulheres nobres, virtuosos e com espírito de sacrifício, desejosos de fazer o bem durante suas vidas, segundo o seu grau de compreensão e as oportunidades que encontram, e que estão plenos de aspiração por coisas mais elevadas que as da terra - sendo seguidores de Jesus apesar do cristianismo.



Por indivíduos como estes os teosofistas sentem a mais profunda simpatia; porque só um teosofista, ou então uma pessoa que tenha a delicada sensibilidade e o grande saber teológico de Sua Graça, pode apreciar adequadamente as dificuldades horríveis contra as quais a frágil planta da religiosidade natural deve lutar, quando afunda com esforço suas raízes no solo estéril da nossa civilização cristã, e tenta florir na atmosfera fria e árida da teologia. Como deve ser difícil, por exemplo, “amar” um Deus como aquele que é descrito numa bem conhecida passagem de Herbert Spencer:



“A crueldade de um deus Fidjiano que, representado como devorador das almas dos mortos e, pode supor-se, torturando-as enquanto as engole, é pouca coisa se comparada à crueldade de um deus que condena os homens a torturas eternas. … Atribuir aos descendentes de Adão, durante centenas de gerações, castigos horríveis por uma pequena transgressão que eles não cometeram; a condenação de todos os homens que não têm a possibilidade de recorrer a um pretenso método de obter o perdão, e do qual a maior parte dos homens nunca ouviu falar, e a reconciliação efetuada pelo sacrifício de um filho perfeitamente inocente, para satisfazer a suposta necessidade de uma vítima propiciatória, são modos de ação que, se fossem atribuídos a um dirigente humano, provocariam horror.”[2]



Sua Graça dirá, sem dúvida, que Jesus nunca ensinou que se deveria adorar um deus como este. Nós, teosofistas, dizemos o mesmo. Contudo este deus é o deus cuja adoração é oficialmente pregada na Catedral de Cantuária, por você mesmo, Senhor Primaz da Inglaterra; e Sua Graça concordará seguramente conosco em que deve existir de fato uma centelha divina de intuição religiosa no coração dos homens, que os capacita a resistir tão bem quanto resistem à ação mortal de uma teologia venenosa como esta.



Se Sua Graça dirigir o olhar à sua volta, verá desde a sua elevada posição uma civilização cristã em que uma luta frenética e sem trégua do homem contra o homem é, não só a característica que a distingue, mas também um princípio reconhecido. É um axioma científico e econômico bem estabelecido em nossos dias que todo progresso é conseguido através da luta pela vida e sobrevivência do mais apto; e os mais aptos a sobreviver nesta civilização cristã não são os que possuem as qualidades reconhecidas pela moralidade de todos os tempos como sendo as melhores - não são os generosos, os piedosos, os nobres de coração, capazes de perdoar, humildes, fiéis, honestos e bons - mas sim aqueles que são mais fortes em egoísmo, astúcia, hipocrisia, em força bruta, fingimento, falta de escrúpulos, crueldade e avareza.



Os indivíduos espirituais e os altruístas são “os fracos”, a quem as “leis” que governam o universo dão como alimento aos egoístas e aos materialistas - “os fortes”. A “ lei do mais forte” é a única conclusão legítima, a última palavra da ética do século 19, pois o mundo tornou-se um grande campo de batalha no qual os “mais aptos” descem como abutres para arrancar os olhos e o coração dos que caíram durante o combate. Será que a religião faz cessar a batalha? As igrejas espantam os abutres, ou reconfortam os feridos e os moribundos? Hoje a religião no mundo em geral não pesa mais que uma pluma, quando as vantagens terrestres ou os prazeres egoístas são colocados no outro prato da balança; e as igrejas não têm o poder de revivificar o sentimento religioso entre os homens, porque as suas ideias, o seu conhecimento, os seus métodos e os seus argumentos são os da Idade das Trevas. Senhor Primaz, o seu cristianismo é o de quinhentos anos antes da nossa época.



Enquanto os homens discutiam para saber se este deus ou aquele outro era o verdadeiro deus, ou se a alma ia para este ou aquele lugar depois da morte, vocês, do clero, compreendiam a pergunta e tinham argumentos prontos para influenciar a opinião – pelo silogismo ou pela tortura, conforme fosse o caso. Mas agora é a própria existência de qualquer ser semelhante a Deus, ou de qualquer espécie de espírito imortal, que é questionada ou negada. A ciência inventa novas teorias sobre o Universo que ignoram com desprezo a existência de qualquer deus; os moralistas concebem teorias relativas à ética e à vida social nas quais a não-existência de uma vida futura é considerada como uma premissa; em física, em psicologia, em direito, em medicina, a única coisa necessária para assegurar o sucesso de um professor é que a exposição das suas ideias não contenha nenhuma alusão à Providência, ou à alma. O mundo é conduzido rapidamente à convicção de que deus é uma concepção mítica, que não tem de fato nenhum fundamento, e nenhum lugar na Natureza; e que a parte imortal do homem é o sonho estúpido de selvagens ignorantes, perpetuado pelas mentiras e pelos embustes dos padres, que fazem uma ampla colheita cultivando nos homens o temor de que as suas almas imaginárias sejam torturadas, por toda a eternidade, pelo seu Deus mítico, num Inferno que só existe em fábulas. Diante de tudo isto, o clero permanece, atualmente, silencioso e impotente. A única resposta que a Igreja sabia dar a “objeções” como estas era a tortura e a fogueira; mas agora ela não pode servir-se deste sistema de argumentação.



É certo que se o Deus e a alma descritos pelas igrejas são entidades imaginárias, então a salvação e a danação cristãs são puras ilusões da mente, produzidas em grande escala pelo processo hipnótico de afirmação e de sugestão, agindo cumulativamente sobre gerações de dóceis “histéricos”. Que resposta você dá a uma tal teoria da religião cristã, além da repetição de afirmativas e sugestões? Que modo tem você de reconduzir os homens às suas antigas crenças, além de fazer reviver os seus velhos hábitos? “Construam mais igrejas, rezem mais orações, fundem mais missões e a sua fé na condenação e na salvação será reanimada e uma nova crença em Deus e na alma será o resultado inevitável”. Tal é a política das igrejas. É a sua única resposta ao agnosticismo e ao materialismo. Mas sua Graça deve saber que responder aos ataques da ciência e da crítica modernas com armas como a afirmação e o hábito é como atacar metralhadoras usando bumerangues e escudos de couro. No entanto, enquanto o progresso das ideias e o aumento do conhecimento arruínam a teologia popular, cada descoberta da ciência e cada nova concepção do pensamento europeu avançado aproximam o espírito do século 19 das ideias do Divino e do Espiritual, conhecidos de todas as religiões esotéricas e da teosofia.



A Igreja alega que o cristianismo é a única religião verdadeira, e esta pretensão implica duas afirmações diferentes, a saber, que o cristianismo é uma religião verdadeira, e que não há religião verdadeira exceto o cristianismo. Parece que nunca passa pela cabeça dos cristãos a ideia de que Deus e o Espírito possam existir de qualquer forma diferente da que é apresentada nas doutrinas da igreja. O selvagem chama o missionário de ateu porque ele não transporta um ídolo na sua mala; e o missionário, por sua vez, qualifica de ateu qualquer um que não traga um fetiche no seu espírito; e nem o selvagem, nem o cristão parecem ter jamais suposto que possa existir uma concepção mais elevada que a sua em relação ao grande poder oculto que governa o Universo, e ao qual o nome “Deus” é muito mais aplicável. É difícil saber se as Igrejas tentam mais provar que o cristianismo é “verdadeiro”, ou provar que qualquer outra espécie de religião é necessariamente “falsa”; as más consequências que resultam deste seu ensino são terríveis. Quando as pessoas rejeitam o dogma, elas imaginam que rejeitaram também o sentimento religioso, e concluem que a religião é algo supérfluo na vida humana – uma forma de mandar para as nuvens coisas que pertencem à terra, uma perda de energia que poderia ser usada mais eficientemente na luta pela existência. O materialismo desta época é, portanto, consequência direta da doutrina cristã segundo a qual não existe poder dirigente no Universo, nem qualquer Espírito imortal no homem, além dos que foram descritos nos dogmas cristãos. O ateu, Senhor Primaz, é o filho bastardo da Igreja.



Mas isto não é tudo. As igrejas nunca ensinaram aos homens alguma razão para serem justos, bons e sinceros, que seja mais elevada do que a esperança de uma recompensa ou o medo do castigo; e, quando eles abandonam a crença no capricho Divino e na injustiça Divina, as bases da sua moralidade ficam fragilizadas. Eles nem sequer têm uma moralidade natural à qual possam voltar conscientemente, pois o cristianismo ensinou-lhes a considerá-la como algo sem valor, alegando a perversidade natural do homem. Portanto, o interesse pessoal torna-se a única motivação da conduta, e o receio de ser descoberto, a única coisa que o afasta do vício. Assim, no que se refere à moralidade, bem como a Deus e à alma, o cristianismo empurra os homens para fora do caminho que conduz ao conhecimento, e precipita-os no abismo da incredulidade, do pessimismo e do vício. A Igreja é agora o último lugar onde os homens iriam procurar ajuda contra os males e as misérias da vida, porque eles sabem que a construção de igrejas e a repetição de ladainhas não influenciam nem os poderes da natureza nem os conselhos das nações. Eles sentem instintivamente que, desde o momento em que as Igrejas aceitaram o princípio da conveniência, elas perderam o poder de chegar ao coração dos homens, e agora elas só podem agir no plano externo, apoiando a ação do policial e do político.



A função da religião é reconfortar e encorajar a humanidade na sua luta constante contra o pecado e o sofrimento. Isto só pode ser feito apresentando à humanidade o nobre ideal de uma vida mais feliz após a morte, e de uma vida mais digna sobre a terra, o que deve ser obtido nos dois casos por um esforço consciente. O que o mundo necessita agora é de uma Igreja que lhe fale da Divindade ou Princípio Imortal no homem como algo situado pelo menos ao nível das ideias e do conhecimento dos tempos atuais. O cristianismo dogmático não é adequado para um mundo que raciocina e pensa. Só aqueles que estão dispostos a lançar-se a um estado de espírito medieval podem apreciar uma Igreja cuja função religiosa (considerada como diferente da sua função social e política) é manter Deus de bom humor enquanto os fiéis fazem o que crêem que não é aprovado por ele; cuja função é rezar para obter mudanças no clima; e, ocasionalmente, agradecer ao Todo Poderoso por haver ajudado a massacrar o inimigo. Não é de “curandeiros”, mas de guias espirituais que o mundo necessita hoje - um “clero” que lhe dê ideais tão adequados para a inteligência do nosso século como o eram o Céu e o Inferno, o Deus e o Diabo cristãos, na época de sombria ignorância e da superstição. Será que o clero cristão atende, ou pode atender, esta necessidade? A miséria, o crime, o vício, o egoísmo, a brutalidade, a falta de auto-respeito e de autocontrole que caracterizam a nossa civilização moderna unem as suas vozes num grito terrível e respondem – NÃO!



Qual o significado da reação contra o materialismo, um materialismo cujos sinais hoje enchem o ar? O significado é que o mundo está mortalmente cansado do dogmatismo, da arrogância, da auto-suficiência e da cegueira espiritual da ciência moderna, dessa mesma ciência moderna que os homens ainda ontem saudavam como a sua libertadora do fanatismo religioso e da superstição cristã, mas que, assim como o Diabo das lendas sacerdotais, reclama, como recompensa pelos seus serviços, o sacrifício da alma imortal do homem. E, enquanto isso, o que fazem as Igrejas? Elas dormem o sono pacífico obtido pelas doações e pela influência social e política, enquanto que o mundo, a carne e o diabo se apropriam dos seus segredos, dos seus milagres, dos seus argumentos e da sua fé cega.



Os espíritas - ó Igrejas de Cristo! - roubaram o fogo dos seus altares para iluminar as suas salas de sessões mediúnicas. Os salvacionistas pegaram o seu vinho sacramental e se embriagam espiritualmente nas ruas; o infiel roubou as armas com as quais vocês o venceram em outros tempos, e diz a vocês triunfantemente: “O que vocês afirmam, já foi dito muitas vezes antes”. Teve o clero alguma vez uma oportunidade tão esplêndida? As uvas da vinha estão maduras, e só faltam os trabalhadores eficazes para a colheita. Se vocês dessem ao mundo alguma prova, situada no padrão intelectual do que é verificável, de que a Divindade - o Espírito imortal no homem - tem uma existência real como fato da Natureza, será que os homens não os saudariam como salvadores que os libertaram do pessimismo e do desespero, do pensamento enlouquecedor e brutalizante de que não há para o homem outro destino a não ser um vazio eterno, após alguns breves anos de duras fadigas e sofrimentos? Como seus salvadores de uma luta assustadora pela satisfação material e pelas vantagens do mundo, consequência direta da crença de que esta vida mortal é o começo e o fim da existência?



Mas as Igrejas não possuem nem o conhecimento nem a fé necessários para salvar o mundo, e a sua Igreja, Senhor Primaz, talvez ainda menos que as outras, porque está com a pesada carga de oito milhões de libras por ano à volta do pescoço. Vocês tentam em vão tornar o navio mais leve, lançando pela borda, como lastro, as doutrinas que os seus antepassados consideravam vitais ao cristianismo. O que mais pode fazer agora a sua Igreja, exceto fugir da tempestade com os mastros desguarnecidos, enquanto o clero tenta, debilmente, tapar os buracos do casco com a “versão revisada” da Bíblia, e procura impedir que o navio naufrague com a sua pesada carga social e política, levando para o fundo do mar a sua carga de dogmas e de doações?



Quem construiu a catedral de Cantuária, Senhor Primaz? Quem inventou e deu vida à grande organização eclesiástica que torna possível a existência de um Arcebispo de Cantuária? Quem estabeleceu as bases de um vasto sistema de impostos religiosos que lhe dá quinze mil libras por ano e um palácio? Quem instituiu os rituais e as cerimônias, as orações e as litanias que, ligeiramente alteradas e despojadas de arte e ornamento, fazem a liturgia da Igreja da Inglaterra? Quem extorquiu ao povo os orgulhosos títulos de “divino reverendo” e “Homem de Deus”, dos quais o clero da sua Igreja se apropria com tamanha confiança? Quem, de fato, exceto a Igreja de Roma? Falamos sem espírito de inimizade. A teosofia viu a ascensão e a queda de muitas crenças, e estará presente ao nascimento e à morte de muitas outras. Sabemos que a vida das religiões está sujeita à lei. Se vocês receberam uma herança legítima de Roma, ou tomaram posse pela violência, é uma questão que vocês devem decidir com os seus inimigos e com a sua consciência; a atitude mental frente à sua Igreja é determinada pelo seu valor intrínseco. Sabemos que se ela for incapaz de desempenhar a verdadeira função espiritual de uma religião será certamente exterminada, mesmo que o erro se encontre mais nas suas tendências hereditárias, ou no que a rodeia, do que em si mesma.



A Igreja da Inglaterra, para usar uma comparação simples, é como um trem que prossegue a sua marcha graças à velocidade adquirida antes de o vapor ter sido cortado. Depois de ter deixado a linha principal, encontra-se num desvio que não leva a lugar algum. O trem está agora quase parado, e muitos dos seus passageiros o trocaram por outros meios de transporte. Os restantes estão, na maioria, conscientes de que durante este tempo só podiam contar com o pouco vapor que restou na caldeira depois que os fogos de Roma foram retirados. Eles suspeitam que, neste momento, talvez já estejam apenas brincando de andar de trem; mas o maquinista continua a assobiar, o controlador prossegue a sua inspeção, examinado os bilhetes, os freios foram acionados como antes e, convenhamos, não é uma brincadeira desagradável. As carruagens estão aquecidas e confortáveis e o dia é frio, e, desde que recebam gorjetas, os empregados da companhia são muito obsequiosos. Mas aqueles que sabem para onde querem ir não estão assim tão contentes.



Durante vários séculos, a Igreja da Inglaterra conseguiu a difícil proeza de navegar em duas canoas ao mesmo tempo, dizendo aos católicos romanos: “Raciocinem!” e aos céticos: “Tenham Fé!” Foi regulando constantemente as forças desta atitude de duas caras que ela pôde permanecer durante tanto tempo em cima do muro. Mas agora, o próprio muro está caindo. A supressão das doações e a separação entre Igreja e Estado pairam no ar. E o que a sua Igreja invoca a seu favor? A sua utilidade. É útil ter muitos homens instruídos, morais, não-mundanos, espalhados por todo o país, impedindo o mundo de esquecer completamente a ideia de religião, e agindo como centros de ação benfeitora. Mas a questão agora já não é a de repetir orações e dar esmola aos pobres, como era há quinhentos anos atrás. As pessoas tornaram-se maiores de idade, e tomaram nas mãos o seu pensamento e a direção dos seus assuntos sociais, individuais e até mesmo espirituais, porque descobriram que o clero não sabe mais do que elas mesmas sobre as “coisas do Céu”.



Mas a Igreja de Inglaterra, diz-se, tornou-se tão liberal que todos devem apoiá-la. Realmente, pode-se fazer uma excelente imitação da missa, ou ser um virtual Unitário, e ainda fazer parte do seu rebanho. Esta bela tolerância, no entanto, significa apenas que a Igreja achou necessário tornar-se um vasto campo comum, em que cada um pode armar a sua própria tenda e agir como lhe aprouver, desde que participe na manutenção dos benefícios. A tolerância e a liberalidade são contrárias às leis da existência de qualquer igreja que crê na condenação divina, e a sua aparição na Igreja da Inglaterra não é um sinal de vida renovada, mas antes da chegada da desagregação. Não menos ilusória é a energia manifestada pela Igreja na construção de igrejas. Se isto fosse um critério de medição do espírito religioso, que piedosa época seria a nossa! Nunca o dogma esteve tão bem alojado, embora os seres humanos sejam obrigados a dormir aos milhares nas ruas, e morram literalmente de fome à sombra das suas majestosas catedrais, construídas em nome d´Aquele que não tinha onde repousar a Sua cabeça. Terá Jesus dito a você, Sua Graça, que a religião não se encontra no coração dos homens, e sim nos templos feitos pelas mãos? Vocês não podem converter sua piedade em pedra e utilizá-la nas suas vidas; e a história mostra que a petrificação do sentimento religioso é uma doença tão mortal como a ossificação do coração. No entanto, ainda que as igrejas fossem multiplicadas por cem, e que cada pastor se tornasse um centro de filantropia, isso iria apenas produzir o trabalho que os pobres esperam dos seus semelhantes, mas não dos seus líderes espirituais - em lugar daquilo que eles pedem e não conseguem obter. Isso só colocaria em maior destaque a esterilidade espiritual da Igreja e das suas doutrinas.



Aproxima-se o tempo em que o clero terá de prestar contas das suas ações. Você está pronto, Senhor Primaz, a explicar ao SEU MESTRE por que tem dado pedras aos Seus Filhos, quando eles lhe suplicavam por pão? Você sorri na sua imaginária segurança. Os servidores fizeram festas durante tanto tempo nos aposentos interiores da casa do Senhor, que pensavam que Ele certamente nunca voltaria. Mas Ele disse que Ele viria como um ladrão durante a noite; e eis! Ele está chegando já no coração dos homens. Ele está vindo para tomar posse do reino de Seu Pai no único lugar em Seu reino existe. Mas vocês não O conhecem! Se as próprias Igrejas não estivessem sendo carregadas pela onda de negação e de materialismo que dominou a sociedade, elas reconheceriam o germe do espírito do Cristo crescendo com rapidez no coração de milhares de seres, a quem agora classificam como infiéis e loucos. Reconheceriam neles aquele mesmo espírito de amor, sacrifício de si mesmo e piedade imensa pela ignorância, pela loucura e pelos sofrimentos do mundo, que surgiu em toda a sua pureza no coração de Jesus, assim como surgiu no coração de outros Santos Reformadores em diferentes épocas. Este espírito é a luz de toda verdadeira religião, e o archote com o qual os teosofistas de todos os tempos trataram de iluminar os seus passos, ao longo do caminho estreito que conduz à salvação – o caminho que é percorrido por toda encarnação de CHRISTOS ou o ESPÍRITO DA VERDADE.



E agora, Senhor Primaz, expusemos muito respeitosamente a você os pontos principais de divergência e desacordo que existem entre a teosofia e as igrejas cristãs, e mostramos a unidade entre a teosofia e os ensinamentos de Jesus.



Você viu a nossa profissão de fé, e conheceu quais são os nossos protestos e as nossas queixas contra o cristianismo dogmático. Nós, um punhado de indivíduos humildes, que não possuímos riquezas materiais nem influência sobre o mundo, mas somos fortes no nosso conhecimento, estamos unidos na esperança de cumprir a tarefa que você diz que lhe foi confiada pelo seu MESTRE, mas que é tão tristemente negligenciada por esse colosso opulento e dominador – a Igreja Cristã.



Nós nos perguntamos se você chamará isso de presunção. Será que, nesta terra de liberdade de pensamento, de palavra e de ação, você não nos responderá exceto pelo anátema habitual que a Igreja reserva para todo reformador? Ou podemos esperar que as amargas lições da experiência, obtidas no passado pelas Igrejas devido a esta política, terão mudado o coração e iluminado o espírito dos seus dirigentes; e que o próximo ano, de 1888, verá os cristãos estender-nos a mão com toda a simpatia e boa-vontade? Isso seria apenas o reconhecimento de que o grupo relativamente pequeno chamado de Sociedade Teosófica não é pioneiro do Anti-Cristo, nem fruto do Maldoso, mas, o ajudante prático, talvez o salvador da Cristandade, e que só está se esforçando por fazer a obra que Jesus - assim como Buddha e os outros “filhos de Deus” que o precederam - recomendou a todos os seus seguidores que realizassem, mas que as Igrejas, tendo-se tornado dogmáticas, são inteiramente incapazes de fazer.



E agora, se Sua Graça puder provar que somos injustos em relação à Igreja da qual você é o Chefe, ou em relação à teologia popular, prometemos reconhecer publicamente nosso erro. Contudo - “QUEM CALA CONSENTE”.







NOTAS:



[1] Marcos, 4:11; Mateus, 13:11; Lucas, 8:10.



[2] “Religion: A Retrospect and Prospect,” in the Nineteenth Century, Vol. XV, número 83, Janeiro 1884.









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Quando esta carta foi publicada, em 1887, o arcebispo de Cantuária era Edward White Benson. O texto acima faz parte da edição em 15 volumes dos “Collected Writings” (“Escritos Reunidos”), de H. P. Blavatsky, publicados pela editora TPH, Adyar, Índia, volume VIII, pp. 268-283. Uma primeira tradução do texto, feita pelo teosofista português Humberto Álvares da Costa, apareceu na revista “Portugal Teosófico”, número 76, de 1999, pp. 7 a 12. Em dezembro de 2009, associados da Loja Unida de Teosofistas (LUT) fizeram a presente tradução especialmente para o website www.filosofiaesoterica.com. Durante o trabalho, foi consultada a versão de Álvares da Costa, com autorização do teosofista português.
Fonte: //filosofiaesoterica.com/ler.php?id=788

terça-feira, 23 de março de 2010

A Arte de Ler

A Arte de Ler















Um Jeito Misterioso de Falar em Silêncio

Carlos Cardoso Aveline

A leitura é uma forma de magia. Lendo, deixamos de lado as limitações da vida cotidiana, a nossa consciência se expande e podemos visitar lugares e tempos diferentes.

A boa leitura provoca experiências místicas e rompe os muros da mediocridade. Nos livros, impressos ou online, vivemos pessoalmente os acontecimentos mais inspiradores de todas as épocas. Conhecemos santos, reis e filósofos da antiguidade. Podemos saber o que disseram Jesus Cristo na Palestina e Gautama Buda no continente indiano. Revivemos guerras e revoluções e percebemos que o passado da humanidade é o mesmo da nossa alma.

Quando descobrimos a delícia de ler, nosso aprendizado na vida adquire proporções ilimitadas. Mas isso não é tudo. A palavra escrita também é um instrumento revolucionário. Ela desperta as consciências, revoluciona o espírito humano, derruba governos corruptos e provoca grandes transformações sociais. O escritor argentino Jorge Luís Borges escreveu:

“Dos instrumentos do homem, o livro é, sem dúvida, o mais assombroso. Os demais são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da sua vista; o telefone é extensão da sua voz; depois temos o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é extensão da memória e da imaginação.”

É claro que o ato de ler tem seus perigos. Há livros que nos libertam da ignorância, mas há leituras que são inúteis ou até prejudiciais. O bom gosto e o critério correto são armas indispensáveis na hora de escolher textos. E, feita a escolha, há maneiras certas e erradas de ler a obra preferida. Para Jorge Luís Borges, “colocar um livro nas mãos de um ignorante é tão perigoso como pôr uma espada nas mãos de uma criança.” Segundo ele, a função do livro “não é revelar-nos as coisas, mas, simplesmente, ajudar-nos a descobri-las”. [1] Assim, não devemos acreditar supersticiosamente em tudo que lemos. A palavra escrita é apenas um instrumento decisivo para que encontremos a verdade por nós mesmos.

O pensador chinês Lin Yutang escreveu:

“A leitura foi sempre contada entre os encantos da vida culta e é respeitada e invejada por aqueles que raramente ou nunca se concedem esse privilégio. (...) O homem que não tem o costume de ler está aprisionado num mundo imediato, em relação ao tempo e espaço. Sua vida cai numa rotina fixa: acha-se limitado ao contato e à conversa com alguns poucos amigos e conhecidos, e só vê o que acontece na vizinhança imediata. Mas quando toma em suas mãos um livro, penetra em um mundo diferente e, se o livro é bom, vê-se imediatamente em contato com um dos melhores conversadores do mundo.”

E Lin Yutang prosseguiu:

“A melhor leitura é a que nos leva a esse mundo contemplativo, e não a que se ocupa unicamente dos fatos. Considero que não se pode chamar leitura a essa tremenda quantidade de tempo que se perde com os jornais, pois os leitores de jornais se preocupam antes de tudo em obter notícias sobre fatos e acontecimentos.”

A leitura profunda é meditativa. Ela ocorre naturalmente, porque é movida pelo princípio do prazer e não por alguma exigência externa. “Todo aquele que lê um livro como quem cumpre uma obrigação” ― lembra Lin Yutang ― “faz isso porque não compreende a arte da leitura.”

Os textos têm sabores, assim como as comidas. E cada leitor tem o seu paladar próprio. “A forma mais correta de comer é, afinal de contas, comer o que nos agrada”, diz Yutang, “porque só então se poderá ter segurança da digestão. Quando se lê, como quando se come, o que faz bem a um pode matar o outro. O mestre não pode forçar seus alunos a gostarem do que agrada a ele como leitura, e um pai não pode esperar que os filhos tenham o mesmo gosto que ele. E se um leitor não tem prazer com o que lê, perde o seu tempo.”

Os nossos verdadeiros interesses intelectuais crescem de modo natural, como uma árvore que sabe buscar a luz e os nutrientes. Nossa vontade de ler flui como um rio. Quando há um obstáculo, a água o desvia e segue pelo caminho mais fácil. A curiosidade do leitor, como a água, avança pelo critério da afinidade.

“Considero o descobrimento do autor favorito de cada um como o momento definitivo da sua evolução espiritual”, explica Yutang. “Há algo que se chama afinidade de espíritos, e, entre os autores antigos e modernos, devemos procurar aquele cujo espírito é semelhante ao nosso. Só dessa maneira podemos tirar real proveito da leitura.”

As afinidades mais profundas da alma ultrapassam as barreiras de tempo e lugar. Lin Yutang destaca: “Há sábios que viveram em épocas diferentes, separados por muitos séculos, mas com maneiras de pensar e de sentir tão semelhantes que, ao se encontrarem nas páginas de um livro, pareciam uma única pessoa que encontrava a própria imagem.” [2]

Graças aos livros e à internet, podemos ter alguns dos maiores sábios da humanidade como amigos e conselheiros — e conviver com eles interiormente. Essa amizade sem fronteiras estabelece um contato vivo entre a consciência divina presente em nós e a consciência divina que há na alma dos bons autores.

Ao mesmo tempo, o livro que contém sabedoria é o melhor espelho do homem – um espelho em que se reflete nosso eu imortal, nosso potencial para o bem e nosso rosto espiritual. Diferentes leituras despertam distintos aspectos do ser humano.

O livro que traz sabedoria é sempre um instrumento que faz o espírito avançar em direção à luz, mas há várias maneiras de utilizá-lo. É possível ler rapidamente e sem compromisso, para obter uma idéia geral do que há na obra. Pode-se usar um livro como material de consulta e como recurso para pesquisas eventuais. E pode-se ler um livro em profundidade e meditativamente, testando em nossa vida diária as verdades que ele traz e renovando nossa experiência concreta com o material que ele contém.

Algumas leituras são exercícios de ioga e contemplação. Pouco antes de morrer, a escritora russa Helena Blavatsky disse que, ao ler sobre filosofia esotérica, o estudante deve manter presentes três idéias:

1)A primeira é a unidade fundamental de tudo o que existe. Essa unidade interior não nega, mas, ao contrário, alimenta e reforça a diversidade externa da vida.

2) A segunda idéia é que não há matéria morta ou inanimada no universo. Tudo está em movimento, tudo tem vida. A Lei Universal e a Inteligência Cósmica estão presentes no movimento de cada átomo.

3)A terceira idéia é que o homem é o microcosmo. Cada ser humano é uma miniatura do universo e está em relação dinâmica com todo ele. [3]



É possível manter estas três idéias em nossa consciência não só enquanto lemos um livro, mas em todos os momentos da vida. Olhar o mundo é a mesma coisa que ler a natureza. Podemos estar em contato consciente com o universo enquanto agimos nas situações concretas da vida. Sugerindo algo parecido, a brasileira Cecília Meireles escreveu em um dos seus poemas:

“Não sejas o de hoje. Não suspires por ontens... Não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabe que serás assim para sempre. Não queiras marcar a tua passagem. Ela prossegue: é a passagem que se continua. É a tua eternidade... É a eternidade. És tu.” [4]

No outro extremo do mundo, ao abordar a leitura como um modo mágico de olhar a vida, um mestre zen-budista escreveu:

“Tudo que pode ser escrito em um livro, tudo que pode ser dito – tudo isso é pensamento. Se você está pensando, então todos os livros de Zen, todos os sutras budistas e todas as Bíblias são como palavras do demônio. Mas se você ler com uma mente que está livre de todo pensamento, então os livros de Zen, sutras e Bíblias são todos verdadeiros. Assim também são o latido de um cão ou o canto do galo; todas as coisas estão ensinando algo a você a cada momento, e esses sons são ensinamentos ainda melhores do que os livros de zen-budismo. O Zen existe quando se mantêm a mente livre do pensamento.” [5]

A leitura de um bom livro nos enriquece. Especialmente quando lemos sem pressa. É válido parar para pensar, e principalmente para interromper o pensamento. É importante, de tempos em tempos, suspender a leitura entre uma frase e outra e meditar deixando o olhar perdido em um ponto qualquer do espaço. É por isso que Jorge Luis Borges confessou:



“Creio que uma forma de felicidade é a leitura; outra forma de felicidade menor é a criação poética, ou o que chamamos de criação, que é uma mistura de esquecimento e de lembrança do que lemos antes. Emerson coincide com Montaigne no fato de que devemos ler unicamente o que nos agrada, que um livro tem que ser uma forma de felicidade.”

A mera presença de um bom livro em nossa casa pode irradiar uma misteriosa influência benigna. Já velho e cego, Borges contou o seguinte durante uma das suas palestras:



“Eu continuo brincando de não ser cego, continuo comprando livros, continuo enchendo minha casa de livros. Outro dia me deram de presente uma edição de 1966 da Enciclopédia de Brokhause. Eu senti a presença desse livro em minha casa, eu a senti como uma espécie de felicidade. Ali estavam os vinte e tantos volumes com uma letra gótica que não posso ler, com os mapas e gravuras que não posso ver; e, no entanto, o livro estava ali. Eu sentia como uma gravitação amistosa do livro. Penso que o livro é uma das formas possíveis de felicidade que os homens possuem.” [6]

Escrever é um jeito misterioso de falar em silêncio. Por outro lado, ler é uma maneira sutil de ouvir o que não tem som. Quando alguém não consegue ler um texto com atenção plena, a razão disso é a sua incapacidade de ouvir em um nível mais profundo.

Para fugir do “barulho” das suas emoções ansiosas, o cidadão moderno costuma apelar para o rádio, a televisão, a conversa fiada ou a música ruidosa. Só quando confronta o vazio e a solidão ele tem acesso ao acompanhamento mágico e completo que surge durante a leitura atenta de um bom texto.

Então não importa se você está em pé em um ônibus lotado ou sentado sob uma árvore; se dispõe de silêncio e sossego ou há ruídos a seu redor. Você aproveita cada momento para ler o texto que expande e liberta a sua consciência. Ler é um ato de desapego em relação ao mundo externo. É um ato de liberdade pessoal – e de compromisso com a verdade.



Notas:

(1) Borges, Oral, Jorge Luís Borges, Emecé Editores, Buenos Aires, 1979, 105 pp. Veja, respectivamente, as pp. 13 e 16.

(2) A Importância de Viver, de Lin Yutang, Editora Globo, 1963, tradução de Mário Quintana, 360 pp., ver pp. 302 a 305.

(3) Fundamentos da Filosofia Esotérica, Helena P. Blavatsky, Editora Teosófica, Brasília, 90 pp., ver pp. 83-85.

(4) Poesia Completa, Cecília Meireles, Ed. Nova Fronteira, RJ, dois volumes. Veja a obra “Cânticos', de 1927, no volume I, pp. 121-122, poema II.

(5) 365 Zen Daily Readings, de Jean Smith, HarperSanFrancisco, Califórnia, EUA, p. 145.

(6) Borges, Oral, obra citada, pp. 22 e 23.
Fonte: filosofiaesoterica.com/ler.php?id=398

sexta-feira, 12 de março de 2010

VOCÊ QUER SER MAÇOM ?

Condições e Informações Para se Tornar um Maçom



Todas as informações necessárias ao ingresso na Maçonaria estão contidas nos tópicos descritos abaixo.

Leia com atenção e procure proceder conforme essas orientações.

Não será possível ingressar na Ordem Maçônica, sem que seja, rigorosamente, observado o exposto nesta página.


Declaração de princípios:

01. A Maçonaria tem

- por princípio: o amor a DEUS, à Humanidade, à Pátria e à família;
- por objetivo: pregar e propagar os sentimentos de Tolerância, Respeito e Amor Fraternal, que garantem a liberdade de consciência e a livre manifestação do pensamento, dentro da moral e das leis democráticas do país, que permitirão com Virtude e Sabedoria, o alcance do ideal maçônico, que é:
A Paz Universal pela Confraternização dos Povos.

02. É indispensável para admissão de membros nos quadros das Lojas Maçônicas a aceitação dos seguintes fundamentos:

a) A crença em DEUS;

b) O Sigilo;

c) A iniciação só de homens; (No brasil, assim como em muitos outros países, existem as Lojas Femininas e Mistas, onde são aceitas mulheres. Essas Lojas são independentes, não fazem parte do Grande Oriente do Brasil, da COMAB ou das Grandes Lojas).

d) A caridade, a Beneficência e a Educação, como principais meios de combater a ignorância e o erro, em todas as suas manifestações.

03. A Maçonaria não impõe nenhum limite à livre investigação da verdade e para garantir essa liberdade, exige de todos a maior tolerância.

04. A Maçonaria é acessível aos homens de todas as raças, classes sociais, crenças religiosas e convicções políticas.

05. A Maçonaria propugna combater a ignorância em todas as suas modalidades, constituindo uma escola que impõe este programa:

Obedecer às leis democráticas do País, viver segundo os ditames da honra, praticar a justiça, amar ao próximo e trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano a conseguir a sua emancipação progressiva e pacificamente.

Os requisitos:

Caso tenha encontrado sintonia com estes princípios, quem pretender ingressar na Maçonaria deverá, ainda, verificar se possui, dentre outros, os seguintes requisitos básicos:

1. estar em pleno gozo da capacidade civil e ser maior de 21 anos;

2. ter bons costumes e reputação ilibada, sujeitando-se à verificação de tais requisitos em sindicância a ser feita;

3. ter inteligência e capacidade de discernimento suficientes para o entendimento e aplicação dos princípios maçônicos;

4. exercer profissão ou atividade lícita que lhe assegure a subsistência própria e a de sua família e lhe permita contribuir para as atividades maçônicas, dentro dos padrões médios da sociedade;

5. não ter processos criminais em curso, nunca ter sido condenado por crime infamante, a juízo da Maçonaria;
Nunca ter dado prejuízos a quem quer que seja e não ter dívidas vencidas;

6. estar quite com o serviço militar;

7. dominar o idioma brasileiro;

8. não estar preso a votos religiosos ou a quaisquer compromissos que o impeçam de manifestar livremente sua vontade;

9. não professar ideologias exóticas e contrárias aos princípios maçônicos, tais como o comunismo, o nazismo, o fascismo e assemelhadas;

10. Dispor de tempo para dedicar à Instituição Maçônica, principalmente para freqüentar as reuniões semanais, à noite. (Normalmente uma vez por semana das 20:00' às 22:00' horas).

Deve ainda estar preparado para:

São exigências básicas:

a) admitir a reformulação de seus conceitos sobre todas as coisas se, após participar de discussões livres, não convencer o grupo quanto às suas opiniões;

b) reconciliar-se com qualquer eventual inimigo que tenha e que venha a encontrar na Maçonaria, já que é absolutamente proibida a inimizade entre os Maçons;

c) ter sua vida particular examinada pela Maçonaria, que não tolerará desvios de conduta, exigindo comportamento exemplar e retidão de vida, no mundo profano, como se diz;

d) estar apto a ajudar, na medida de suas possibilidades, material ou espiritualmente, a quantos necessitem de ajuda, Maçons ou não;

e) renunciar à pregação religiosa ou política em Loja, já que é proibida a discussão político-partidária ou religiosa-sectária, uma vez que a Maçonaria não cuida de política partidária nem interfere na religiosidade dos seus membros, deles exigindo, apenas, que não sejam ateus libertinos e que admitam a prevalência do espírito sobre a matéria e creiam num Ente Superior, Deus, que é pelos Maçons denominado GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO.

Como fazer o primeiro contato

Normalmente, o interessado deve procurar um amigo, que saiba ser Maçom, e solicitar-lhe que o proponha à entrada na Maçonaria. Tal amigo estará apto a julgar, de início, se é viável ou não a pretensão, pois, tendo conhecimento do trabalho maçônico, está em condições de julgar se o pretendente a ele se adaptará ou não.

É preciso dizer-se, de passagem, que a recusa de ingresso a uma pessoa não significa, necessariamente, demérito para a mesma, pois muitas vezes alguém reúne excelentes qualidades, mas, por força de suas atividades não maçônicas, estará impedido de ser um bom Obreiro, como se autodenominam os Maçons, pois não terá condições de freqüência, uma das exigências básicas para que o Maçom mantenha sua regularidade.

Pode ocorrer que não se conheça ou não se saiba ao certo de alguém que seja realmente Maçom.

Aí, a solução é procurar a LOJA MAÇÔNICA da sua cidade ou do seu bairro, informando-se do dia das suas reuniões e, lá, manifestar ao seu Presidente (que é chamado de Venerável Mestre) o seu desejo. Ele dará a orientação necessária.

O recrutamento de novos Maçons

A regra básica, na Maçonaria, é a preferência pela QUALIDADE.

Não há, pois, campanhas de angariação de sócios, nem o Maçom deve estar interessado em aumentar o efetivo de sua Loja sem atentar para os detalhes mínimos que são exigidos para alguém ingressar na Maçonaria.

O Maçom é o primeiro juiz quanto ao ingresso de alguém na Ordem Maçônica, pois, muitas vezes, uma pessoa tem todos os requisitos básicos apontados, mas não é altruísta, tolerante, estudiosa, afável no trato, desprendida das coisas materiais e não tem espírito de confraternidade e, em tais casos, é preferível não propô-la à Iniciação, pois fatalmente tal pessoa não será um bom Maçom.

O rigor na seleção deve ser extremo, uma vez que se estará analisando a possibilidade da admissão de um novo participante do Círculo Interior. E necessário, portanto, que só seja admitido aquele que demonstrar, exaustivamente, que apresenta as condições necessárias para participar da Grande Obra e que quer dela participar.

Um antigo Iniciado deparou-se, certa vez, com alguns operários que cavavam buracos, quebravam pedras, transportavam materiais e ferramentas etc. perguntou a um deles o que fazia e a resposta foi: "Estou quebrando pedras". Outro operário, à mesma pergunta, respondeu: "Estamos construindo um edifício"; um terceiro, à mesma pergunta respondeu, por sua vez, com emoção: "Participo da construção de uma belíssima catedral".

Este terceiro operário é aquele de quem a Maçonaria precisa: alguém que perceba o objetivo da Ordem e se emocione com ele. O papel do Mestre apoiador de um candidato é mostrar-lhe o que é a Ordem, o que é esperado de cada Irmão, e avaliar adequadamente a resposta total do candidato.

Não é demais recordar que a palavra "candidato" teve origem na Roma Antiga, onde aquele que postulava a indicação para cargo público se vestia com uma túnica branca ("cândida"), para mostrar a pureza e a elevação de seus propósitos. O candidato a Maçom deverá poder envergar a "cândida" simbólica por ter os mais puros e elevados propósitos e devera mostrar a capacidade de trabalhar para o bem do Homem.

No Evangelho, segundo Lucas (13 - 23,24), está dito:
23 - E alguém lhe perguntou (a Jesus): Senhor, são poucos os que se salvam?
24 - Respondeu-lhes: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão".

Rigorosa, da mesma forma, deve ser a aceitação de um novo Irmão e amigo.










Sete pontos a observar quando da indicação de candidato



1) Os irmãos consangüíneos não são escolhidos por nós, pelo menos conscientemente, mas os Irmãos da Ordem o são; a indicação deve ser objeto de profunda meditação, considerando que estará sendo indicado alguém para ser Irmão não somente do Mestre apoiador, mas de todos os Maçons do mundo.

Pode ser que um amigo, excelente companheiro para esportes, lazer e vida social, não seja um bom candidato a ser um indicado para admissão, por lhe faltar, sem demérito como pessoa, o perfil básico do Maçom que caracteriza o candidato ideal.

2) O trabalho da Ordem, no grau de Aprendiz, é desbastar a pedra bruta, mas isso não significa que qualquer pessoa possa ser iniciada nos Mistérios. Significa que o candidato em potencial já deve possuir a capacidade de vir a entender o real significado da Iniciação em toda a sua extensão; isto significa que ele deve ser realmente uma pedra e não um torrão de barro que pareça ser uma pedra - trabalhado com maestria, ele deve poder vir a se transformar, pelo auto-conhecimento e aprimoramento de qualidades inatas, em parte do Templo a ser construído.

3) É preferível deixar de admitir um candidato que poderia vir a se tornar um verdadeiro Maçom a correr o risco de admitir um profano que talvez não venha a perceber e praticar em sua totalidade a grandeza dos Princípios da Ordem.

4) Maçom tem a obrigação de ser melhor que o homem vulgar. O candidato já deve apresentar, antes de sua indicação, as qualidades que o tornam superior ao profano comum. Cabe ao Mestre apoiador a responsabilidade de observar e avaliar judiciosamente, e pelo tempo que se fizer necessário, todo o comportamento do candidato em potencial. Se qualquer dúvida surgir quanto a alguma faceta do caráter do profano em observação, a avaliação deve ser imediatamente adiada. Na natureza nada acontece aos saltos; um carvalho demora dezenas de anos para atingir seu porte majestoso porque cresce lenta e continuamente - a indicação de um candidato deve ser produto de um processo semelhante, e a certeza de uma boa indicação deve surgir lenta e seguramente.

5) A Maçonaria só será forte quando formada por homens livres e de bons costumes, íntegros e que façam amar e respeitar a Ordem pelo exemplo de suas qualidades em todos os momentos. Irmãos assim são o resultado de um diligente trabalho da Loja sobre uma "matéria-prima" da primeira qualidade; esta "matéria-prima" é o profano bem indicado para admissão. O Mestre, como artífice, deve selecionar com extremo cuidado a "matéria-prima" para sua obra.

6) Para poder vivenciar e perceber todo o significado da Iniciação, o candidato deve estar em condições físicas, emocionais, financeiras que permitam sua concentração durante a Cerimônia. Se o candidato não apresentar, no momento, essas condições, a indicação deve ser adiada até o momento em que ele as recupere. Da Iniciação deve surgir um novo homem, e toda a Cerimônia propicia este renascimento, mas é necessário que o Iniciante esteja receptivo às forças que causarão a modificação em si próprio.

7) Não basta que o Mestre apoiador conheça algumas das facetas do candidato em potencial. É necessário conhecê-lo em todas as suas facetas, e testá-lo efetivamente, para bem poder avaliar suas reações em situações diversas e adversas. É necessário saber a opinião da esposa ou companheira do candidato em potencial a respeito do ingresso deste na Ordem. É necessário informar adequadamente a respeito dos objetivos da Maçonaria, das obrigações que serão assumidas e das novas responsabilidades. É de todo conveniente que o Mestre apoiador indique obras maçônicas para leitura pelo candidato em potencial, o qual deve estar informado de que da Iniciação surgirá um novo homem, liberto das trevas, e que, portanto é necessária uma longa e cuidadosa preparação. As obras indicadas devem abordar o assunto no grau de superficialidade adequado, para que delas o candidato em potencial retire as informações necessárias ao seu melhor entendimento a respeito da Ordem - mas é necessário que informações mais detalhadas e aprofundadas sejam evitadas para não confundir o até então profano. (Vide Obras Consultadas no final do Post).

A CULTURA NA MAÇONARIA

Ao propor-se o ingresso de um profano, não se deve esquecer ainda, de perscrutar a sua cultura. Também quando se faz uma sindicância, quase sempre se esquece que a nossa Constituição determina que, entre outros requisitos, "a admissão de profanos depende da verificação, na pessoa do candidato, de possuir ele instrução que lhe permita compreender e aplicar o ideal da instituição".

A cultura exigida não é a de anéis de grau ou diplomas em parede, não. Estes são apenas pressupostos de uma condição a ser verificada e confirmada. Não precisamos de seguidores do Culturanismo entre nós, mas temos de exigir que os Obreiros tenham aquilo que os dicionários dizem quando conceituam a expressão "cultura geral": conjunto de conhecimentos fundamentais necessários ao entendimento de qualquer ramo do saber humano, sem que para isso, é claro, o indivíduo tenha o domínio absoluto de cada ciência em particular.

Seria cansativo dizer-se que o semi-analfabeto é mil vezes mais prejudicial que o analfabeto, pois enquanto este, ciente do seu não-saber, se abstém de falar sobre o que não entende, aquele que lê ou entende mal com toda a sinceridade, com toda a boa-fé, defende veementemente um ponto-de-vista falho e deturpador, trazendo o tumulto à discussão, o mal-estar aos que o rodeiam, pois nada lhe podem fazer, já que não estão lidando com um indivíduo mal-intencionado, mas apenas ignorante.

Só o inculto, por outro lado, é fanático; só ele é sectário; só ele é intolerante. Pode-se mesmo afirmar que todo sujeito inculto é fanático, sectário e intolerante, qualidades que reprovam de plano qualquer candidato a ingresso em uma Loja.

VANTAGENS" DE SER MAÇOM

A Maçonaria não é uma sociedade de auxílio mútuo, embora os Maçons se ajudem, entre si, como de resto têm de ajudar aos necessitados.

Não é um clube para se fazer negócios ou para se angariar clientes ou se obter serviços e utilidades a preços baixos.

Evidentemente, as amizades entre os Maçons acabam pó ensejar relações comerciais, o que não é exclusividade da Maçonaria, pois sempre se procura o médico, o advogado, o engenheiro, o mecânico, nas nossas relações de amizade, em quem, em princípio, se pode confiar.

Não há, também, como muitos pensam, uma "obrigação" de o Maçom, em qualquer circunstância, dar preferência a outro Maçom. Deve-se levar em conta, sempre, os princípios morais e fazer-se justiça. É claro que, entre um desconhecido e um Maçom, outro Maçom prefere este último. Mas isso também não é só na
Maçonaria que ocorre. Em qualquer coletividade os seus membros dão-se preferência, mutuamente, em relação aos estranhos.

Os sinais de identificação dos Maçons não são usados como "gazuas" para abrirem portas fechadas. A retidão de conduta exigida aos Maçons impede, sempre, que um "profano" seja prejudicado por um Maçom, a favor de outro Maçom; a rigor, se um Maçom toma conhecimento de qualquer prejuízo causado por um Irmão a alguém, tem o dever de informar a Loja do fato, para as providências cabíveis.

As "vantagens" de se ser Maçom, portanto, são inúmeras, mas não de ordem meramente material, como muitos pensam. São de natureza moral, filosófica e, principalmente, espiritual.

PODE-SE SAIR DA MAÇONARIA?

Uma das muitas informações erradas que existem sobre a Maçonaria é a de que a pessoa, uma vez ingressando na Ordem, jamais pode dela se retirar.

Nada mais falso. Qualquer um, após se iniciar, pode tranqüilamente deixar a Maçonaria. É claro que ele não deixará de ser um "Iniciado", já que Iniciação não se devolve.

Mas ele se desligará da Loja e não haverá nenhum problema, até porque, como se disse quando se tratou do "Segredo Maçônico", se ele não o descobriu, de nada ficou sabendo.

Há, inclusive, documentação própria, de desligamento, para permitir o retorno do que se afastou, se eventualmente ele desejar voltar à atividade maçônica.

Geralmente, quem ingressa na Maçonaria e depois se afasta, por questões pessoais (falta de tempo, desinteresse do assunto etc.), nem por isso deixa de se considerar Maçom, e, como tal, preserva os conhecimentos que adquiriu para si, mantendo a discrição recomendada.

Mas, se não o fizer, não quer isso dizer que ele irá causar maior prejuízo à Ordem, mesmo porque não se pode conceber que a estrutura da Maçonaria fosse tão frágil que ficasse dependente da leviandade de uma pessoa, de suas inconfidências.

Exige-se do Maçom que mantenha reserva quanto ao trabalho maçônico, aos rituais, mas apenas por uma questão de tradição, pois os ensinamentos maçônicos são ministrados de forma paulatina e é muito raro alguém abandonar a Maçonaria depois de ter recebido tais ensinamentos. Quando muito, a pessoa deixa de estar em atividade plena.

Não fez o Maçom, também, atos reprováveis, que o impeçam de deixar a organização, como pensam os menos avisados.

Por menos que ele se tenha adaptado, por menor que tenha sido o seu aproveitamento nos estudos maçônicos, o Maçom terá sempre, no íntimo, a certeza de que pertence a uma Entidade ímpar, e isso será sempre motivo de satisfação, mesmo que ele, por alguma razão, se afaste dos trabalhos ativos.

Se desejar saber mais sobre o assunto, algumas indicações para leitura são:

- "Como ser Maçom" - de Sylvio Cláudio, da Editora Essinger.

- "Maçonaria Para Leigos e Maçons" - de Wilson Ribeiro, Editora Master Book.






Requisitos aos pretendentes à iniciação



" Por muito que soubermos mui pouco teremos chegado a saber" (Ir.'. Rui Barbosa).

Num clube de futebol, num sindicato de classe ou num partido político, claro é que a campanha de "mais um" seja válida e necessária, porque aí é o "número" o que mais importa. Mas, na Maçonaria, onde os princípios e finalidades são outros, bem diferentes devem ser os processos para admissão de "mais um".
Muitos candidatos são iniciados em nossa Ordem sem os suficientes esclarecimentos sobre o que realmente é e representa. Tal falha resulta em muitas decepções, não só para o Candidato, como para a própria Loja que deveria dar mais amplo conhecimento sobre quem somos e o que fazemos, além de nossos objetivos maiores.
A Maçonaria é um grêmio de teor moral, composto de elementos selecionados no mundo profano. Quase todos são procedentes de um meio social mais elevado e evoluído que o comum. Daí a necessidade da garimpagem maçônica que se assemelha aos cuidados empregados na escolha das "pedras" preciosas e diamantes embrionários, que, tarde ou cedo irão ser transmutados por meio da lapidação, no caso o processo da iniciação.
O que representa maior valor no setor maçônico é a qualidade e não a quantidade de candidatos. A vida e vigor de uma Instituição, sempre dependeram do modo efetivo e reto com que ela cumpra seus objetivos. Para isso acontecer em maçonaria, urge que se faça uma garimpagem profunda acerca dos pretendentes à iniciação nos seus augustos mistérios.
Afinal, o que fazem os Maçons? – Os maçons são dedicados a tornarem-se melhores homens, seja como cidadãos, seja como chefes de família, seja como profissionais, seja em todas as suas demais relações com a humanidade. Os maçons tentam viver e proceder de acordo com elevados princípios éticos e morais ensinados pela maçonaria. Em suas lojas, são constantemente expostos a sessões de instrução e estudos nas quais esses princípios éticos, morais e espirituais são ensinados e debatidos.
Como conseqüência, os maçons são levados a observar, ensinar e praticar os ideais de bondade, honestidade, tolerância, verdade, decência e mútuo entendimento. Preservam e praticam ainda o patriotismo, a benemerência, justiça social e os valores espirituais. Em suas reuniões em loja ou fora dela, os maçons buscam trabalhar para, de alguma forma, se tornarem melhores cidadãos e assim contribuir para uma sociedade melhor.
O que acontece na Iniciação? - Nos casos de pedidos para iniciação, todos os integrantes do quadro social de obreiros da mesma Loja são, tacitamente, havidos como sindicantes aditivos ou complementares.
Fazer de um cidadão um maçom irmão e amigo é uma das obras mais importantes da maçonaria. Por essa razão sugerimos que dentre outras observações, devemos cogitar dos requisitos seguintes:
a) se o candidato exerce profissão honesta e se procede desta maneira, nas suas transações comerciais;
b) se tem instrução suficiente para assimilar e desenvolver o ideário maçônico, uma norma de vida, um objetivo ideal, esforçando-se por discernir a Verdade, através de uma leal e sã investigação, procurando ter uma vida decente e exemplar e trabalhando para o bem-estar geral e a fraternidade entre os homens;
c) se goza no conceito público, nas relações sociais de que disponham, as sociedades ou ambientes que freqüentam, ou se o ingresso desse candidato contribuirá para manter, para elevar o nível da Loja, ou, pelo contrário, a Loja estaria melhor sem ele;
d) se crê no poder das idéias e da nobreza de sentimentos, para reformar o homem e a sociedade, opondo-se, neste sentido, tanto ao materialista quanto ao egoísta;
e) bom será, também, indagar dos seus sentimentos patrióticos, porque são similares com os que devem ser dedicados à Ordem, considerada como designação da segunda pátria dos maçons.
f) se sua conduta é reta e não palmilha o caminho do jogo ou do alcoolismo que causam prejuízos e inconveniências, arruínam a saúde e arrastam aos mais vergonhosos procedimentos. Um alcoólatra caminha desvairado para o abismo onde rolará sua tranqüilidade, sua honra e sua existência. A preservação das virtudes é um mandamento divinizado. Todos os iniciados lutam e labutam no sentido de transformarem os múltiplos aspectos do Mal e das más tendências.
E por fim, se professam ideologia contrária ao espírito da fraternidade humana, se a alma deles está bem formada, se respeitam a Deus, se merecem, ao final, de contas, ser recebidos como irmãos.
São legítimas essas exigências. Nenhuma vantagem ocorrerá à Maçonaria na admissão de um indivíduo tardo de inteligência, cheio de problemas ou dificuldades financeiras, incorreto nas suas transações e que não tenha vida familiar bem orientada.
Ninguém deverá se esquecer que, a partir da iniciação, todos os integrantes da Loja assumem sérios compromissos com o neófito. Mas, é justo que não sejam elementos que lhe possam ser pesados de imediato ao ingresso na Oficina. Mas, para propor-se à iniciação, é exigido, preliminarmente, que o candidato sinta-se libertado dos dogmas do mundo profano, desobrigado das convenções que constituem a base da sociedade humana, bem como descarregado de preconceitos de qualquer natureza.
Então, ele passará, se aceito a uma nova casta de criaturas privilegiadas, com personalidade especial, visto não atender mais à superstições vulgares, não se dobrar a simples interesses de terceiros, não se fazer servil a quem quer que seja.

Quem são os Maçons? – Muitos homens de bem, de diferentes classes sociais, têm pertencido à maçonaria. Políticos, governantes, empresários, líderes religiosos, intelectuais, militares, educadores e benfeitores da humanidade são contados entre os maçons. No Brasil estima-se em 230 mil o número de maçons em todo o território nacional. A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP) tem sob sua jurisdição mais de 600 lojas com um total de aproximadamente 19 mil maçons.
Alguns exemplos de maçons notáveis no Brasil:
Presidentes do Brasil: 1) – DEODORO DA FONSECA, foi o 13º Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil; 2) -FLORIANO PEIXOTO,; 3) - PRUDENTE DE MORAES; 4) - CAMPOS SALLES; 5) - NILO PEÇANHA; 6) - HERMES DA FONSECA; 7) - WENCESLAU BRÁS; 8) - DELFIM MOREIRA; 9) - WASHINGTON LUÍS e 10) - JÂNIO QUADROS.
Vultos proeminentes da Maçonaria: José Bonifácio de Andrade, D. Pedro I, Américo Brasiliense, Benjamim Constant, Bento Gonçalves, Casemiro de Abreu, Cipriano Barata, Frei Caneca, Padre Diogo Antônio Feijó, Eusébio de Queiroz, Saldanha Marinho, Rangel Pestana, Francisco Gê de Acaiaba Montezuma (Visconde de Jequitinhonha), Hipólito da Costa, José da Silva Lisboa (Visconde de Cayru), José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, José Maria da Silva Paranhos (Juca Paranhos, Visconde do Rio Branco), Lauro Sodré, Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), Nunes Machado, Quintino Bocaiúva, Castro Alves, Giuseppe Garibaldi, Silva Jardim, Rui Barbosa, Antonio Carlos Gomes, Hervê Cordovil e muitos outros.

Valdemar Sansão – M.’. M.’.
vsansao@uol.com.br

Fontes: Folheto “A Maçonaria Universal “ (GLESP).






O que é a Maçonaria de nossos dias?

A Maçonaria é uma Ordem Universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades, acolhidos por suas qualidades morais e intelectuais e reunidos com a finalidade de construírem uma Sociedade Humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança com amor à Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade e sob a tríade LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, dentro dos princípios da Ordem, da Razão e da Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.

2. A Maçonaria é uma sociedade secreta?

A Maçonaria não é uma sociedade secreta, no sentido como tal termo é geralmente empregado. Uma sociedade secreta é aquela que tem objetivos secretos e oculta a sua existência assim como as datas e locais de suas sessões. O objetivo e propósito da Maçonaria, suas leis, história e filosofia tem sido divulgados em livros que estão a venda em qualquer livraria. Os únicos segredos que a maçonaria conserva são as cerimônias empregadas na admissão de seus membros e os meios usados pelos Maçons para se conhecerem.

3. A Maçonaria é uma religião?

A Maçonaria não é uma religião no sentido de ser uma seita, mas é um culto que une homens de bons costumes. A Maçonaria não promove nenhum dogma que deve ser aceito taticamente por todos, mas inculca nos homens a prática da virtude, não oferecendo panacéias para a redenção de pecados. Seu credo religioso consiste apenas em dois artigos de fé que não foram inventados por homens, mas que se encontram neles instintivamente desde os mais remotos tempos da história: A existência de Deus e a Imortalidade da Alma que tem como corolário a Irmandade dos Homens sob a Paternidade de Deus.

4. A Maçonaria é anti-religiosa?

A Maçonaria não é contra qualquer religião. Ela ensina e pratica a tolerância, defendendo o direito do homem praticar a religião ed seu agrado. A Maçonaria não dogmatiza as particularides do credo e da religião. Ela reconhece os benefícios e a bondade assim como a verdade de todas as religiões, combatendo, ao mesmo tempo, as suas inverdades e o fanatismo.

5. A Maçonaria é ateísta ou meramente agnóstica?

A Maçonaria não é ateísta nem agnóstica. O ateu é aquele que diz não acreditar em Deus enquanto o agnóstico é aquele que não pode afirmar, conscientemente, se Deus existe ou não. Para ser aceito e ingressar na Maçonaria, o candidato deve afirmar a crença em Deus.

6. A Maçonaria é um partido político?

A Maçonaria não é um partido político. Ela não tem partido. Em princípio, a maçonaria apóia o amor à Pátria, respeito às leis e à Ordem, propugnando pelo aperfeiçoamento das condições humanas. Os maçons são aconselhados a se tornarem cidadãos exemplares e a se afastarem de movimentos cuja tendência seja a de subverter a paz e a ordem da sociedade, e se tornarem cumpridores das ordens e das leis do país em que estejam vivendo, sem nunca perder o dever de amar o seu próprio país. A maçonaria promove o conceito de que não pode existir direito sem a correspondente prestação de deveres, nem privilégios sem retribuição, assim como privilégios sem responsabilidade.

7. A Maçonaria é uma sociedade de auxílios mútuos?

A Maçonaria não é uma sociedade de auxílios mútuos, ela não garante à ninguém a percepção de uma soma fixa e constante a nenhum de seus membros, na eventualidade de uma desgraça ou calamidade pode reclamar tal auxílio. Entretanto, a Maçonaria se empenha para que nenhum de seus membros sofra necessidades ou seja um peso para os outros. O Maçom necessitado recebe de acordo com as condições e as possibilidades dos demais membros da Ordem.

8. A Maçonaria é uma ideologia ou um "ismo"?

A Maçonaria nem é uma ideologia, nem um "ismo". Ela não se envolve com as sutilezas da filosofia política, religiosa ou social. Mas, ela reconhece que todos os homens tem uma só origem, participam da mesma natureza e tem a mesma esperança e, por conseguinte, devem trabalhar em união para o mesmo objetivo - a felicidade e bem estar da sociedade.

9. Então o que é a Maçonaria?

A Maçonaria é uma organização mundial de homens que, utilizando-se de formas simbólicas dos antigos construtores de templos, voluntariamente se uniram para o propósito comum de se aperfeiçoarem na sociedade. Admitindo em seu seio, homens de caráter, sem consideração à sua raça, cor ou credo, a Maçonaria se esforça para constituir uma liga internacional de homens dedicados a viverem em paz, harmonia e afeição fraternal.

10. Qual é a missão da Maçonaria?

A missão da Maçonaria é a de "fazer amigos, aperfeiçoar suas vidas, dedicar-se às boas obras, promover a verdade e reconhecer seus semelhantes como homens e irmãos".

A missão da Maçonaria ainda é a prática das virtudes e da caridade, é confortar os infelizes, não voltar as costas à miséria, restaurar a paz de espírito e a paz aos desamparados e dar novas esperanças aos desesperançados.

11. A Maçonaria convida as pessoas para se filiarem a ela?

A Maçonaria não "convida" ninguém, mesmo aos mais qualificados para se tornarem um membro da Ordem. Aquele que deseja entrar para ela, deve manifestar esse desejo espontaneamente, declarando que livre e conscientemente deseja participar dela.

A Maçonaria não prende nenhum homem a juramentos incompatíveis com sua consciência o liberdade de pensar.

12. Porque a Maçonaria não inicia mulheres?

Tendo evoluído da Maçonaria Operativa que erguia templos no período da construção de catedrais, a Maçonaria adotou a antiga regulamentação que provia o seguinte: "As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e de princípios virtuosos, nascidos livres de idade madura, sem vínculos que o privem de pensar livremente, sendo vedada a admissão de mulheres assim como homens de comportamento duvidoso ou imoral.

A regularidade da maçonaria se deve ao fato de se ater aos seus princípios básicos e imutáveis regidos por mandamentos, entre os quais se inclui o que acima se disse.

13. Por que são chamados de templos os locais de reunião?

Os lugares onde os maçons se reúnem são chamados de templos porque, embora não sendo uma religião ou reunindo-se em uma igreja, a Maçonaria preserva religiosamente os direitos de cada indivíduo praticar a religião ou credo de sua preferência, mantendo-se eqüidistante das diferentes seitas ou credos. Ela ensina a todos como respeitar e tolerar as religiões diversas de seus membros.

14. A Maçonaria Universal obedece a uma autoridade máxima?

Nem mesmo em um país como os Estados Unidos que agora se compõe de 50 Estados e conta com cerca de 4 milhões de Maçons, obedece a Maçonaria a uma autoridade suprema. A Maçonaria em cada país ou em cada estado de uma Federação é regulada e dirigida por uma Grande Loja independente e soberana.

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